quarta-feira, 27 de agosto de 2014

E la vem avião fantasma. Caixa 2?

247 - O PSB, aparentemente, decidiu debochar da sociedade brasileira. Nesta segunda, quando foi questionado sobre o avião fantasma utilizado por Eduardo Campos e Marina Silva, o deputado Márcio França (PSB/SP) escancarou a falta de argumentos para defender o que parece ser indefensável. "Documento de avião você carrega no avião. Se estava no avião, já não existem mais", afirmou.

Isso indica que a estratégia do PSB parece a ser a de varrer o assunto para debaixo do tapete. Explica-se: caso não consiga demonstrar de quem é o avião e como ele era pago pela campanha, o partido estará sujeito à impugnação de sua candidatura.

A história é relativamente simples. O antigo dono da aeronave, um usineiro falido, repassou o jatinho a amigos de Eduardo Campos, que assumiram o pagamento de algumas parcelas do leasing. Tais empresários, sem capacidade financeira para comprar um jato de R$ 18,5 milhões, foram recusados pelo cadastro da Cessna, fabricante da aeronave.

No entanto, pertencendo ao usineiro ou aos amigos do ex-governador, o avião não poderia ser utilizado numa campanha política, por não estar registrado numa empresa de táxi aéreo. Daí o argumento de Marcio França sobre a possível destruição dos documentos.

Ele também insinuou que Marina Silva não prestará grandes esclarecimentos. "Responder ela tem que responder, no limite da responsabilidade dela", disse ele. França disse acreditar que Marina não tenha conhecimento sobre como foi feita a negociação que colocou o avião à disposição de campanha.

Ao adotar essa posição, o PSB coloca as vítimas do desastre, sejam eles ex-colaboradores de Campos ou pessoas que perderam seus imóveis em Santos, a ver navios. O seguro não será pago e ninguém se responsabilizará pelas indenizações e reparações por danos materiais. Afinal, o documento estava no avião.

Um escárnio.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Por que o DataFolha falha | Vinícius Wu

1. A discrepância entre os resultados apresentados pelas mais recentes pesquisas eleitorais divulgadas pelo grupo RBS chamaram a atenção de analistas e políticos gaúchos e suscitaram uma série de dúvidas a respeito dos motivos que levaram à apresentação de números tão distintos em duas sondagens realizadas no intervalo de apenas uma semana.

2. As diferenças metodológicas são o principal motivo da discrepância entre as duas pesquisas. Tem sido recorrente a apresentação pelo Instituto DataFolha de resultados de pesquisa bem diferentes de outros institutos. O Datafolha, controlado pela família Frias – dona do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL – tem sido pródigo em produzir pesquisas “controversas”. Vem se tornando, cada vez mais, um Instituto de ação política e não de pesquisas.

3. Em 2010, o DataFolha insistiu em “manter” Serra na liderança da corrida presidencial mesmo depois de todos os principais Institutos do país – Ibope, Vox Populi e Sensus – apontarem a liderança de Dilma.

4 Na ocasião, o DataFolha atribuiu, em suas pesquisas, um peso maior para as regiões Sul e Sudeste, onde Serra mantinha maior simpatia junto à classe média. O Instituto chegou a aumentar as amostras em oito estados do centro-Sul, que concentraram 9.750 entrevistas, num total de 10.730. E, assim, “sobraram” 908 questionários para outros 19 estados! Com essa amostragem distorcida, o resultado acabou favorecendo José Serra.

5. A distorção foi tamanha que até mesmo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aceitou o pedido do PRTB para abrir os dados das pesquisas do DataFolha visando a “verificação e fiscalização da coleta de dados, incluindo as identificações dos entrevistadores, para conferir e confrontar os dados do instituto”.

6. Para quem não se lembra, em março de 2010, enquanto os Institutos Vox Populi e Sensus já apontavam empate técnico entre Serra e Dilma, o DataFolha dava 10 pontos de vantagem para Serra! Em Abril o instituto ampliou a vantagem de Serra para 12 pontos.

7. Logo após esse episódio, no início de Maio de 2010, a Procuradoria-Geral Eleitoral aceitou uma representação do Movimento dos Sem-mídia e determinou à Polícia Federal a instalação de inquérito para apurar eventuais crimes eleitorais por falsificação de pesquisas. E após esse acontecimento, subitamente, na pesquisa seguinte – já no final de Maio de 2010 – o DataFolha surge com uma nova pesquisa na qual a diferença de 12 pontos a favor de Serra havia desaparecido.

8. Mesmo assim, o Dafafolha insistiu na apresentação de pesquisas favoráveis à Serra, que divergiam, principalmente, das realizadas pelo Insituto Vox Populi. O resultado já conhecemos e sabemos quem estava com a razão.

9. A pesquisa DataFolha/RBS da ultima semana pode ter aberto a “guerra das pesquisas” no RS e é fundamental que o eleitor, militantes e dirigentes das campanhas tenham consciência do quanto as “opções metodológicas” podem influenciar resultados e beneficiar determinados candidatos. Os Institutos sabem muito bem disso e, não raro, acabam favorecendo determinadas posições políticas deliberadamente.

10. O Datafolha faz pesquisas em pontos de fluxo (corredores comerciais), enquanto outros institutos (como o Ibope) realizam pesquisa domiciliar. O aconselhável, segundo estatísticos, é que, no primeiro caso, a amostra seja duplicada ou mesmo triplicada em relação a uma pesquisa residencial. E não foi o que ocorreu com a pesquisa realizada pelo DataFolha, que contou com apenas 1248 questionários. A pesquisa do Ibope – realizada em amostra domiciliar – foi feita com 812 questionários.

11. O Instituto da Família Frias reduz custos com sua opção de pesquisa em pontos de fluxo e consegue preencher muito mais questionários em um tempo muito menor. Vejamos: na ultima pesquisa Ibope/RBS foram respondidos 812 questionários entre os dias 02 e 07 de agosto (6 dias). Na pesquisa DataFolha/RBS, foram 1248 questionários em apenas 3 dias! (De 12 a 14 de agosto).

12. Pesquisas realizadas em “pontos de fluxo” tendem a captar as parcelas da sociedade mais ativas economicamente e com maior mobilidade. Com isso, as vilas e comunidades periféricas são precariamente alcançadas por estas pesquisas. E assim, os candidatos que têm uma proporção maior de votos entre os mais pobres tendem a registrar uma pontuação abaixo do que realmente têm. E os candidatos que têm uma proporção maior de votos na classe média marcam acima do que, de fato, têm.

13. Pesquisas realizadas em domicílios são muito distintas daquelas feitas em pontos de fluxo e não são comparáveis. E, a essa altura da campanha, a história e a teoria indicam que as primeiras costumam ser mais confiáveis.

14. Os erros acumulados pelo DataFolha nas ultimas eleições, em especial, nas eleições de 2010 atestam empiricamente que esse instituto insiste em apoiar suas pesquisas em um método que pode servir a distorções. O uso de pesquisas para incidir sobre os processos eleitorais não é novidade no Brasil. A discrepância entre os números do Ibope e do DataFolha no Rio Grande do Sul indicam que a disputa pelo Piratini, de fato, começou.

* Foto de Juliano Antunes / Sul Vinte Um

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Secretaria de Segurança questiona suspensão de transferências do Presídio Central


       A iniciativa do Ministério Público e do Poder Judiciário de suspender a transferência de detentos do Presídio Central foi questionada nesta terça-feira (12) pelo secretário da Segurança Pública do Estado. Conforme Airton Michels, o Presídio Central de Porto Alegre é um problema há mais de 40 anos. Nesta gestão do Governo do Estado, estão sendo geradas 4.530 vagas nos presídios de Montenegro, Venâncio Aires, Charqueadas, Canoas e Guaíba, para a desocupação do Presídio Central, até dezembro de 2014.Michels considera que, quando um governo pela primeira vez resolve claramente enfrentar esta questão, as mesmas instituições que cobram soluções querem impedir a ação. “Em um momento nos dizem ‘desocupem o quanto antes’, e quando começamos, dizem: parem o processo”.
       
Número de agentes penitenciários quase dobrou no Estado

     Sobre a alegação do Poder Judiciário de que faltam agentes penitenciários para tomarem conta dos apenados, o Governo do Estado reitera que já foram chamados 800 agentes penitenciários e há um concurso em andamento para mais 600. É praticamente o dobro dos 1.600 servidores que havia em 2011, uma estrutura nunca vista no sistema penitenciário do Estado. “O fato mais surreal que poderia acontecer seria manter os presos em situação precária e não poder levá-los para os presídios novos”, concluiu Airton Michels.

Texto: Antonio Candido

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Por um novo modelo de cuidado no SUS.


No Dia Nacional da Saúde, celebrado nesta terça-feira (5 de agosto), a equipe da Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul reafirma o seu compromisso pela ampliação, regionalização e qualificação dos serviços de saúde pública. Mais do que isso: estamos trabalhando por uma verdadeira reformulação do modelo de cuidado no SUS.
Ela começa com o reforço do atendimento mais próximo de onde vivem as pessoas: na Atenção Básica e suas equipes de Saúde da Família (ESF). Por isso, investimos pesado nos últimos anos para garantir mais profissionais, mas também uma melhor estrutura, e o resultado é que as equipes de ESF cresceram em número e qualidade no RS e atingiram mais gaúchos. Com 389 novas equipes desde 2011, o Estado ampliou a cobertura populacional de 35% para 47,43%, e deve chegar a 64,3%, com a habilitação de novas equipes em consequência do programa Mais Médicos, até o final de 2014.
A reformulação do cuidado passa também pelo aumento dos serviços espalhados pelo território estadual que acolhem os usuários do SUS nos momentos de urgência e emergência. Ainda nesse mês, vamos inaugurar a 11ª UPA 24 horas do RS, em Santa Rosa – outras dez já funcionam em Venâncio Aires, Lajeado, Bagé, Santa Maria, Vacaria, Bom Princípio, Novo Hamburgo, Porto Alegre e duas em Canoas. Com a implantação de 75 novas bases, o SAMU também foi ampliado, o que significa que mais de dois milhões de gaúchos que não eram assistidos pelo serviço agora podem discar 192 e contar com atendimento em casos de emergência.
A atenção hospitalar tem recebido investimento inédito por parte do governo estadual – recurso que auxiliou instituições em crise a recuperar as finanças e ampliar os serviços. Com o esforço, o Estado ampliou a oferta de leitos em 1.021 novas vagas oferecidas aos usuários do SUS, resultantes de uma estratégia que enfrenta os chamados vazios assistenciais e prevê a instalação ou ampliação de novos hospitais no interior. Os números colocam o Rio Grande do Sul na liderança nacional de oferta de leitos, disponibilizando 2,82 leitos de internação por mil habitantes (conforme dados do Datasus referentes a junho de 2014). Somada a essas ações, a criação de um cinturão assistencial na região metropolitana, que ofertará mil novos leitos nos próximos dois anos, a partir de convênio com a Fundação Universitária de Cardiologia, além da contribuição do Hospital da Restinga Extremo Sul, recentemente inaugurado.
O chamado cinturão inclui também a qualificação e ampliação dos hospitais de Taquari, Montenegro, Canoas, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Taquara e São Jerônimo, que já contam com mais recursos do Estado. Complementa o conjunto de ações, a rede de assistência hospitalar integrada que será instalada na Costa Doce, com a ampliação de estabelecimentos nos municípios de Guaíba e Barra do Ribeiro.
E, exatamente no sentido de diminuir as distâncias percorridas para buscar tratamento, ampliamos a rede de serviços de alta complexidade. Além dos que já existiam, a população passou a contar com 19 novos serviços de Oftalmologia, para tratamento do glaucoma, em Farroupilha, Três Passos, Erechim, Ijuí, Faxinal do Soturno, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santo Ângelo, Tenente Portela, Três de Maio, Pelotas, dois em Bento Gonçalves e seis em Porto Alegre. Além disso, oito novos serviços de Cardiologia foram implantados em Santa Maria, Canoas, Porto Alegre, Caxias do Sul, Ijuí, Lajeado, Uruguaiana e Santa Cruz do Sul; e ainda novos serviços de Oncologia em Canoas e Santa Maria, Neurocirurgia em Cachoeira do Sul, Traumato-ortopedia em Farroupilha e Cirurgia Bariátrica em Santo Ângelo.
Todas essas ações são consequência da decisão política do Governo Estadual de destinar 12% da receita líquida para investimentos em Saúde. E a ampliação e qualificação dos serviços impacta diretamente sobre os indicadores de Saúde, que significam mais qualidade de vida. São exemplos a redução da mortalidade infantil a um coeficiente de 10,47 óbitos a cada mil nascidos vivos, além da redução superior a 90% dos casos óbitos por gripe e 80% nos casos de dengue.
Nosso objetivo é garantir atendimento integral e acolhedor à saúde das pessoas, no lugar mais próximo de sua casa, no tempo oportuno e com a tecnologia adequada. É esta a reformulação do cuidado que estamos promovendo, contando com a parceria da União e dos municípios, mas também dos prestadores de serviços e, fundamentalmente, de quem promove o cuidado diariamente: os trabalhadores e usuários do SUS.


Sandra Fagundes
Secretária Estadual da Saúde