Embora todos soubessem que o Datafolha não poderia ter outro resultado senão o crescimento da diferença entre Dilma Rousseff e Marina Silva, a tarde de hoje foi marcada por uma intensa especulação na Bolsa.
O motivo? Os boatos de que a Veja trará, amanhã, trechos bombásticos de um suposto depoimento do doleiro Alberto Yousseff que, em troca de um (na prática) perdão judicial distribuiria as mais pesadas acusações contra políticos e autoridades.
Ricardo Noblat, que se tornou um dos mais “ofendidos” viúvos de Marina Silva já adianta a podridão em seu blog. Depois tirou a nota. Mas vários sites “ameaçam” com um novo e rocambolesco escândalo como “ultima ratio” para evitar aquilo que até Marcos Paulino, diretor do Datafolha, admitiu ser possível: Dilma liquidar a eleição no primeiro turno.
Chegamos a um “vale-tudo” que envergonha qualquer sentido de Justiça, porque qualquer coisa que se publique – a não ser que seja apenas banditismo jornalistico, simples invenção – será pior, porque banditismo policial e judiciário, com o vazamento seletivo de acusações que, até o momento, nada têm de sólido senão a palavra de um criminoso e olhe lá que ele tenha dito de fato o que se publica.
É simples: se a revista Veja quiser dizer que Alberto Yousseff me acusa de ter recebido um milhão de dólares para aprovar qualquer coisa enquanto estive no Governo, dirá e pronto, muito embora o amigo aqui não saiba o que é um milhão, o que dirá de dólares.
E não pode sequer se defender poque é o “dizem que ele teria dito”…
Mas se a revista não estiver, pura e simplesmente, inventando, tudo é pior.
Formou-se uma inegável cumplicidade desde o caso dos supostos depoimentos de Paulo Roberto Costa.
Não se viu nem o Juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo, nem os promotores, nem os delegados federais manifestarem qualquer indignação com a quebra do sigilo pelo qual eram os responsáveis e que, rompido, pode ter ajudado até a eventuais envolvidos a destruir provas.
Agora, repetir-se esta parceria quadrilhesca entre a Veja e os policiais federais ou promotores públicos que decidem o que e a quem vazar informações que têm a subscrevê-las só a palavra de um criminoso desesperado.
Pior, porque embora meia-dúzia de pilantras pudessem aquadrilhar-se com um doleiro já preso, processado e “delator premiado” no caso do Banestado, qualquer finório de alto coturno ia se servir de gente menos exposta que Yousseff, que tinha um neon piscando “doleiro” na testa que só um energúmeno como André Vargas pode dizer que não sabia”.
Estamos assistindo o impensável: os agentes da Polícia Federal, publicamente, dando apoio à candidata de oposição, em troca de melhorias funcionais e os delegados federais a ponto de fazer um “eleição” para impor – não de direito, mas de fato – um diretor da Polícia Federal de sua preferência.
Normal? Alguém poderia imaginar os agentes do FBI americano engajados na campanha eleitoral, fazendo discursos em atos políticos?
Quem sabe fazemos o mesmo com as polícias estaduais ou até com as guardas municipais?
É o resultado de ter-se um ministro (assim mesmo, sem maíúscula) como José Eduardo Cardozo.
No século 20 tínhamos as conspirações militares a ameaçar a democracia. Agora, baixamos de nível: basta meia dúzia de policiais para desestabilizar um Governo.
Mas, afinal, se até treinar tiro ao alvo na presidenta eleita pode, esperar o que, não é?
O que salva o povo brasileiro é a sua lucidez em perceber que não temos, em muitos dos grandes veículos de comunicação, uma imprensa.
Temos lixo.
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