A ministra Maria do Rosário, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, afirmou na noite desta terça-feira (12) que a exumação do corpo do ex-presidente João Goulart não tem motivações políticas ou revanchistas. Os restos mortais de Jango, morto no exílio em 1976, serão recolhidos do túmulo da família na manhã desta quarta-feira (13) em
São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, e passarão por análise para investigar as causas da morte do presidente deposto no golpe militar de 1964.
“A motivação que temos é puramente humanitária. A pedido da família, vamos resgatar as circunstâncias da morte do presidente João Goulart. A partir de agora, o comando do procedimento estará nas mãos de técnicos. O governo brasileiro não tem como interferir", disse Maria do Rosário.
A declaração foi dada durante audiência pública realizada no CTG Tropilha Crioula para explicar à população de São Borja os motivos da exumação de Jango. Existe a suspeita de que ele tenha sido envenenado por agentes da repressão durante a Operação Condor, uma aliança das ditaduras sul-americanas para perseguir opositores do regime.
Também participaram da audiência o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, autoridades municipais, membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e familiares do ex-presidente, como os filhos João Vicente e Denise e os netos Christopher e João Marcelo Goulart.
José Eduardo Cardozo destacou a importância da exumação de Jango para o fortalecimento da democracia brasileira e salientou que é dever do Estado brasileiro apurar as circunstâncias da morte de perseguidos durante o regime militar, que vigorou de 1964 a 1985 no país. “Durante muitos anos, vi ministros da Justiça dizerem que não tinham nada a declarar diante de arbítrios. Hoje, como ministro, digo que tenho muito a declarar e o dever, em nome do Estado brasileiro, de pedir desculpas a todos que foram vítimas da ditadura e a seus familiares", declarou.
Filho de Jango, João Vicente afirmou que a exumação de seu pai é um momento histórico não só para a família Goulart, mas também para o povo brasileiro. “Hoje estamos na terra natal de meu pai resgatando um compromisso com a história nacional, resgatando aquilo que a ditatura omitiu por muitos anos nesse país. O golpe de 1964 não foi um golpe contra Jango, mas um golpe contra o povo brasileiro", afirmou.
No fim da audiência, os ministros Mária do Rosário e José Eduardo Cardozo assinaram um termo de compromisso no qual o governo brasileiro garante a devolução dos restos mortais de Jango ao túmulo da família no Cemitério Jardim da Paz, em São Borja, após a análise em Brasília. O retorno deve ocorrer no dia 6 de dezembro, aniversário de 37 anos da morte do ex-presidente.
G1.
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