quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sobre o slogan ‘Meu partido é o Rio Grande’ e Sartori


“Fico envergonhado quando vejo um candidato andando por aí e gritando ‘Meu partido é o Rio Grande’. Se esse fulano tivesse um mínimo de formação política deveria dar-se conta da grosseira e tamanha contradição nos próprios termos! Pois ‘partido’ é ‘parte’! Como vai ser o ‘todo’, o Rio Grande?

Quem quer ser democrata, deve saber no mínimo – o bê-á-bá da democracia e da política – que uma democracia implica uma pluralidade de ideias e de valores, que formam exatamente um partido, com uma plataforma partidária, com sua filosofia e seus princípios!

Por isso uma sociedade que queira ser democrata é constituída por diferentes partidos que representam as forças vivas da nação! Agora, apelar para a ‘união’, principalmente durante uma propaganda em que se deve apresentar um projeto e uma proposta, é exatamente a estratégia fascista e nazista, totalitária! A única desculpa num caso é a ignorância.

Gritar esse slogan fascista passa a se constituir numa estratégia ideológica com a finalidade de enganar e iludir os ingênuos, levados pela emoção. Essa é a arma ideológica a que apelaram Hitler, Mussolini e outros fascismos. Apelar para a ‘união’, quando o que se deveria apresentar são exatamente as ‘diferenças’, para a população poder escolher entre essas diferentes propostas! Qual o projeto? No que se distingue dos outros? O resto é ‘totalitarismo’. Mas o que vemos é que em lugar de colocar com maturidade e fundamento o PROJETO, faz-se uso de afirmações gerais, slogans emotivos e enganadores!

Pode-se ver aqui o despreparo grosseiro de candidatos e partido que não possuem identidade, adaptam-se interesseiramente ao que mais interessa no momento. As respostas evasivas e generalizadas são uma prova clara do que se vê, ouve ou lê. É tempo de pensar, e estar atento a propostas e estratégias que enganam incautos! E nem é preciso pensar muito para se perceber que em âmbito nacional a estratégia é parecida: alguém que grita, repete slogans e frases feitas, mas sem fundamento!”

.oOo.

Pedrinho Guareschi é professor de Filosofia, Teologia e Letras. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: mídia, ideologia, representações sociais, ética, comunicação e educação. Trabalhou como professor convidado da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e atualmente exerce a mesma função na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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