O dólar em baixa e a concorrência de carros – baratos e completos – das chinesas Jac Motors e Chery e da coreana Hyundai fizeram com que os preços de veículos novos fabricados no Brasil despencassem. Alguns modelos tiveram até 12,12% de queda. É o caso do Siena, da Fiat, que, no início do ano, valia R$ 33 mil e, agora, é vendido por R$ 29 mil. A baixa foi motivada pelo próprio consumidor, que passou a comparar os valores e a exigir descontos. O Honda Fit fabricado aqui é vendido por, no mínimo, R$ 59 mil. No México, o mesmo veículo pode ser encontrado por menos da metade, R$ 25 mil. Para segurar o cliente, as montadoras tiveram de recuar.A queda já se refletiu na inflação do país. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo -
15 (IPCA-15), prévia do indicador oficial, mostrou que, no acumulado do ano, os veículos novos ficaram 2,29% mais baratos. Em 12 meses, o recuo chegou a 5,03%. Apenas em junho, os preços dos carros novos caíram 1,71%. Em consequência, automóveis nacionais e importados ficaram mais acessíveis ao consumidor. O motorista Rafael Alves dos Reis, 25 anos, sentiu no bolso o efeito positivo da mudança. Ele conseguiu comprar um Siena novo por quase R$ 4 mil a menos. “Vinha pesquisando e notei que estava mais barato. Aproveitei o momento”, comemorou.
O diretor comercial da Estação Fiat, Fernando Moreira, confirmou a redução dos preços em sua loja. “A concorrência realmente gerou uma baixa nos valores cobrados pelos carros da nossa marca. Isso não ocorre só em veículos de modelo antigo. Os lançamentos também vieram mais baratos”, disse. Ele frisou que outros fatores estão relacionados com a queda. “Houve uma restrição de crédito e algumas mudanças nos critérios de financiamento. Os autônomos não têm como comprovar renda e agora não conseguem parcelar. Isso nos fez perder alguns clientes. Além disso, o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis flexpower ajudou”, completou.
Outro modelo que sofreu redução expressiva foi o Voyage, da Volkswagen. O preço do carro teve queda de 10,52%. Com direção hidráulica e vidros elétricos, passou de R$ 38.010 para R$ 34.690 nas últimas semanas. “Nesse caso, fizemos uma promoção para aumentar a rotatividade e queimar o estoque”, esclareceu Hélio Aveiro, diretor da Brasal, revendedora da Volks em Brasília, e do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal (Sincodiv). Com tantas opções nos pátios das concessionárias, o consumidor não pode se intimidar. Deve negociar, ao máximo, preços melhores.
Credibilidade
Embora a maior competição entre as montadoras tenha gerado ganhos para o consumidor, as marcas importadas ainda não conquistaram a confiança do brasileiro. Os chineses, recém-chegados ao Brasil, geram desconfianças no motorista Rafael Reis. “É preciso esperar para ver o desempenho deles, que ainda não têm credibilidade”, completou. O dentista Clayton Cantaren, 26 anos, não abre mão dos modelos nacionais. “Tive um importado e fiquei insatisfeito. A manutenção é mais cara”, argumentou. Ele destacou que a baixa dos preços não é a única vantagem do aumento de concorrência. “O consumidor também tem mais opções”, observou.
Para o diretor da Nara Mistubishi Roberto Carvalho, os importados têm qualidade: “O comprador descobre que o carro que vem de fora é melhor e acessível”. Sua dica para as montadoras brasileiras é não remar contra a maré. “O consumidor regula o mercado”, ensinou. Correio Braziliense
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