quinta-feira, 14 de julho de 2011
> PEDREIRO PORTUGUÊS > por e-mail
... Após ler o relatório, a Seguradora pagou o seguro.
>
> Transmito explicação de um operário português, acidentado no trabalho, à sua
> Cia. seguradora.
> A Cia. de Seguros havia estranhado tantas fraturas, e em uma só pessoa num
> mesmo acidente.
>
> Chamo a tenção para o fato de que se trata de um caso verídico, cuja
> transcrição foi obtida por meio de cópia dos arquivos da cia. seguradora
> envolvida.
> O caso foi julgado no Tribunal da Comarca de Cascais - Lisboa- Portugal.
>
> --------------------------------------------------------------------------------
>
>
> À
> Cia. Seguradora.
> Exmos. Senhores,
> Em resposta ao seu gentil pedido de informações adicionais, esclareço:
> No quesito nr. 3 da comunicação do sinistro mencionei:
> 'tentando fazer o trabalho sozinho' como causa do meu acidente.
> Em vossa carta V. Sas. me pedem uma explicação mais pormenorizada.
>
> Pelo que espero sejam suficientes os seguintes detalhes:
>
> Sou assentador de tijolos e no dia do acidente estava a trabalhar sozinho
> num telhado de um prédio de 6 (seis) andares. Ao terminar meu trabalho,
> verifiquei que havia sobrado 250 kg de tijolos. Em vez de levá-los a mão
> para baixo (o que seria uma asneira), decidi colocá-los dentro de um barril,
> e, com ajuda de uma roldana, a qual felizmente estava fixada em um dos lados
> do edifício (mais precisamente no sexto andar), descê-los até o térreo.
>
> Desci até o térreo, amarrei obarril com uma corda e subi para o sexto andar,
> de onde puxei o dito cujo para cima, colocando os tijolos no seu interior.
> Retornei em seguida para o térreo, desatei a corda e segurei-a com força
> para que os tijolos (250kg) descessem lentamente. Surpreendentemente,
> senti-me violentamente alçado do chão e, perdendo minha característica
> presença de espírito, esqueci-me de largar a corda ... Acho desnecessário
> dizer que fui içado do chão a grande velocidade.
>
> Nas proximidades do terceiro andar dei de cara com o barril que vinha a
> descer. Ficam, pois, explicadas as fraturas do crânio e das clavículas.
> Continuei a subir a uma velocidade um pouco menor, somente parando quando os
> meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente, nesse momento já
> recuperara a minha presença de espírito e consegui, apesar das fortes dores,
> agarrar a corda.
>
> Simultaneamente, no entanto, o barril com os tijolos caiu ao chão, partindo
> seu fundo. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25 kg.
>
> Como podem imaginarcomecei a cair vertiginosamente, agarrado à corda, sendo
> que, próximo ao terceiro andar, quem encontrei? Ora, pois, o barril vinha a
> subir. Ficam explicadas as fraturas dos tornozelos e as lacerações das
> pernas. Felizmente, com a redução da velocidade de minha descida, veio
> minimizar os meus sofrimentos quando caí em cima dos tijolos embaixo, pois
> felizmente só fraturei três vértebras. No entanto, lamento informar que
> ainda houve agravamento do sinistro, pois quando me encontrava caído sobre
> os tijolos estava incapacitado de me levantar, porem pude finalmente soltar
> a corda.
> O problema é que o barril, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em
> cima de mim fraturando-me as pernas. Espero ter fornecido as informações
> complementares que me haviam sido solicitadas. Esclareço que este relatório
> foi escrito por minha enfermeira, pois os meus dedos ainda guardam a forma
> da roldana.
> Atenciosamente,
> Antonio Manuel Joaquim Soares de Coimbra
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