domingo, 8 de janeiro de 2012

De Domingo - Jayme Caetano Braun.

GALPÃO

Jayme Caetano Braun

Galpão velho chamuscado
No fogão de gerações
Onde as velhas tradições
Desentonadas e ariscas
Se renovam nas faíscas
Quando se bate os tições!

Trazes ao meu pensamento
O que dantes existia
Nesta Província bravia
Gaúcha e pevilegiada
Na primitiva alvorada
Do Rio Grande que nascia!

Velho abrigo Rio-grandense
Plantado na pampa nua
Onde a carne meio crua
Irmanou com Portugal
A velha Espanha imortal
E o nobre sangue charrua!

Foi bem ali junto ao mate
Nessa rude comunhão
Quwe definiu-se o padrão
Do gaúcho flor do pago
Caudilho monarca e vago
Cheio de amor ao rincão!

Na formação do Rio Grande
Nada influiu como tu
E até o gaúcho mais cru
Como berço considera
Este abrigo que venera
Desde Sepé Tiaraju!

Por isso ao te ver deserto
Local de duendes e assombros.
Eu sinto sobre os meus ombros
Na escuridão que se alarga,
O peso da dor amarga
Que brota dos teus escombros!

Só te resta a luz escassa
Dum campeiro entardecer
E me parece ao te ver,
A luz desse clarão vago
Que és a alma do meu pago
Que está por se desprender!

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