1. O deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG) é também o presidente da APAE Brasil (Federação Nacional das APAEs), a entidade que representa o conjunto das Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais espalhadas pelo Brasil.
2. O chefe de gabinete do deputado, Sérgio Sampaio Bezerra, que trabalha no gabinete do parlamentar desde 2006, é o presidente da Federação das Apaes do Estado de Minas Gerais (Apae Minas).
3. Em 2009, o deputado destinou R$ 1 milhão em emendas para a Apae Minas organizar – em 2010, ano eleitoral – 34 eventos regionais e um estadual das APAEs no estado de Minas Gerais.
4. O XI Congresso Mineiro das APAEs (evento organizado com a verba das emendas de Eduardo Barbosa) aconteceu entre 12 e 15 de agosto de 2010, ou seja, em período oficial de campanha.
5. O grande destaque dos 35 eventos citados acima foi justamente… Eduardo Barbosa, presente em todos (ou na maioria, informação a confirmar) os fóruns regionais da APAE Minas.
6. Ou seja, o deputado tucano destinou R$ 1 milhão de verba pública para uma entidade presidida pelo seu chefe de gabinete organizar eventos no período pré-eleitoral e eleitoral nos quais ele foi o principal destaque.
Não tenho a menor desconfiança quanto ao trabalho sério desenvolvido pelas APAEs e já fui voluntário em várias atividades promovidas por elas.
Isso não isenta a entidade, e muito menos o deputado, de se envolver num esquema que, nitidamente, fere os princípios éticos, republicanos e até constitucionais. A impessoalidade que se exige de uma autoridade pública, por exemplo, não foi respeitada pelo parlamentar.
A Controladoria Geral da União, Tribunal de Contas da União, Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal receberam um dossiê contento toda a papaelada que comprova o esquema.
O Bloco Minas Sem Censura (de oposição ao governo tucano de Minas e à imprensa mineira, quase toda controlada por Aécio Neves e sua turma) definiu muito bem o caso: “Emendas de autoajuda”.
“Até agora se conhecia literatura de autoajuda, o deputado tucano Eduardo Barbosa inovou com suas emendas de autoajuda.” (Bloco Minas Sem Censura, 24/11/2011)
O que a grande mídia vai dizer a respeito? Tenho informações que vários veículos receberam o material que comprova o esquema e optaram por não publicar nada. Abaixo segue notícia do jornal O Tempo, de Belo Horizonte (MG), que furou o silêncio geral da mídia.
Antes, entretanto, vale lembrar o caso da ministra Ideli Salvatti, que foi acusada de beneficiar com emendas uma ONG coordenada por um assessor dela. As emendas somavam R$ 200 mil (20% do total das emendas de Eduardo Barbosa) e listo abaixo apenas algumas das matérias que demonstram (mais uma vez) a seletividade da grande mídia na escolha das “denúncias” que podem ou não ser publicadas.
No caso envolvendo Ideli, vários deputados tucanos pediram a sua demissão. E agora, o que dirão?
O Estado de São Paulo:
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