Nos primeiros dias de fevereiro, um pedaço da história futebolística do Rio Grande do Sul e do Brasil começou a ir abaixo. Antiga casa do Sport Club Internacional, estádio que chegou a sediar duas partidas da Copa do Mundo de 1950, o Eucaliptos está sendo demolido, depois de ser vendido pelo clube para uma empresa do ramo imobiliário. Testemunha de dezenas de títulos, a estrutura — que ganhou o nome graças aos eucaliptos plantados no entorno pelo ex-presidente Carlos Borba — em breve não existirá mais.
A inauguração, em 15 de março de 1931, não poderia ser melhor: vitória em clássico Gre-Nal, 3 a 0 para os donos da recém-construída nova casa. Durante 38 anos, o Eucaliptos foi o lar colorado, servindo de palco para os desfiles do Rolo Compressor (esquadrão histórico que foi hexacampeão gaúcho nos anos 1940) e testemunhando os primeiros passos do Inter rumo ao topo do futebol brasileiro. Quando o clube começou a levantar taças Brasil afora, conquistando três títulos nacionais nos anos 70, o Eucaliptos já tinha sido aposentado: sua última partida foi em 1969, vitória de 4 a 1 sobre o Rio Grande, com direito a participação do ídolo Tesourinha (já aposentado e então com 48 anos) nos minutos finais. A partir daí, foi uma lenta queda rumo ao esquecimento e à decadência – quebrada apenas em 1999, quando o então presidente colorado Paulo Rogério Amoretty, disposto a investir na renovação do estádio, promoveu um derradeiro amistoso, também contra o vovô Rio Grande, que terminou em 6 a 2 para o Internacional.
Desde 2008, uma decisão dos conselhos Deliberativo e Consultivo do Internacional sacramentou a venda do terreno onde repousava o Eucaliptos e a consequente demolição do estádio. Vendido em leilão em 2010, o antigo espaço das vitórias coloradas e gaúchas se tornará um conjunto habitacional, com sete torres apontando para o céu. O Eucaliptos chega, portanto, ao último capítulo – em ruínas, mas ainda mantendo algo da dignidade que marcou a história de um templo do nosso futebol.
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