Onde andas Dá Luz.
Em pleno verão, sol escaldante e uma estiagem que fazia atorar o Itu, o reclame era geral para ser ter uma bela chuva, mas quando parecia que o tempo ia se armar de fato,...... as nuvens fugiam para Capão do Cipó ou para as Missões.
Na Rua dos Poetas e redondezas fervia. Os bolichos, dele cerveja, tradicionais mesmo com o sol pingando um “pela bucho” dos alambiques da região.
Lá pelas 14 horas, descendo a Rua dos Poetas, com um grande sorriso de poucos dentes, cumprimentando a todos como um político, o Profeta dos humildes, dos pobres, dos menores, como ele mesmo se apresenta “Da Luz”. Vinha num pala bagual, com os passinhos curtos para manter o equilíbrio e um bafo de cana invejável. Em suas conversas e cumprimentos entendeu o clamor do povo pela chuva, e no fundo de sua alma, anestesiada provavelmente também, se sensibilizou, e resolveu resolver o problema de todos.
- È preciso chover.
Seguiu rumo à esquina da Obino, no canteiro que também é um banco bem no final da calçada e o “Da Luz” subiu, ergueu os braços para o céu de frente para quem vem de São Chico e gritou:
- Meu Deus. São Pedro aqui quem vos fala é “Da Luzzzz”, profeta dos humildes, dos pobres, dos menores e todos os erres, seu servidor. Olhe para este povo, para estas “prantas”, para este chão fervendo, por todos eu grito, chuva meu Deus é o “Da Luzzzz” o “Da Luzzz”.......
Assim com todo o calor, sol forte, ele não parava de rezar e gritar. O povo passava e ele de braços abertos quase duas horas sem parar. Conhecido por muitos, o cumprimentavam, carros buzinavam, ele sorria, gosta de uma platéia, ia ao delírio. Era fim de semana na paróquia.
Tchê, o tempo foi fechando e o Da Luz aos berros com o céu, destilando e destilando, quase ao desidratamento, sentiu uma brisa. Firmou:
- Não tenha medo, manda chuva meu veio, não quero pedra nem tormenta, por todos os agricultores, doutores, professores, trabalhadores e todos os “erres”, é o “Da Luzzz”.
Benzeu o céu e as nuvens, benzeu atormenta", por DEUS.
Pois é, contrariando a todas as previsões de rádio e jornais, o tempo se armou de fato e choveu intensamente na Rua dos Poetas em Santiago, varrendo as ruas, limpando calçadas.
Da Luz, foi à loucura, ficou de joelhos e com o rosto com um largo sorriso de poucos dentes.
Lágrimas de alegria e gotas de chuva no rosto. Agradeceu a Deus e São Pedro.
Lavou corpo e alma.
Desceu do banco e saiu andando em direção da Praça do QG abandonando a Rua dos Poetas limpa e irrigada e todos satisfeitos.
Por estas e outras é que faço este registro e de testemunha a Corticeira do Banhado que fica na frente do Sebo Santiago, que a tudo assistiu.
Ler é bom.
Ler amplia horizontes.
Ler sempre vai acrescentar algo em nossas vidas.
Ler também é um exercício.
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