sábado, 22 de setembro de 2012

Poesia a meu gosto - Quando o Verso Vem Pras Casa

Quando o Verso Vem Pras Casa.

Gujo Teixeira / Luiz Marenco

A calma do tarumã ganhou sombra mais copada
pela várzea espichada com o sol da tarde caindo
um panuelo maragato se abriu no horizonte
trazendo um novo reponte, pra um fim de tarde bem lindo.

Daí um verso de campo se chegou da campereada
ao lombo de uma gateada frente aberta de respeito
desencilhou na ramada, já cansado das lonjuras
mas estampando a figura, campeira, bem do seu jeito.

Cevou um mate pura-folha, jujado de maçanilha
e um ventido da coxilha trouxe coplas entre as asas
pra querência galponeira, onde o verso é mais caseiro
templado à luz de candeeiro e um "quarto gordo nas brasa"

A mansidão da campanha traz saudade feito açoite
com os olhos negros de noite, que ela mesmo aquerenciou...
e o verso que tinha sonhos pra rondar na madrugada
deixou a cancela encostada e a tropa desgarrou

E o verso sonhou ser várzea com sombra de tarumã
ser um galo pras manhãs, ou um gateado pra encilha.
Sonhou com os olhos da prenda vestidos de primavera
adormecidos na espera do sol pontear na coxilha.

Ficaram arreio suado e um silêncio de esporas
um cerne com cor de aurora queimando em fogo de chão
uma cuia e uma bomba recostada na cambona
e uma saudade redomona, pelos cantos do galpão.

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