A CARPA E O DRAGÃO
Era uma vez uma carpa. Forte, determinada, linda, ela não pensava em si na hora de fazer o bem. Tudo o que podia fazer para ajudar o seu grupo, ela fazia. Era respeitada, amada, idolatrada.
Porém, certo dia, ela teve que enfrentar uma cachoeira. Imponente, titânica, um colosso de água e pedras. Diante daquilo, a carpa se assustou. Sem forças, se resguardou. Ela precisava vencer aquele monstro, que na suas bases babava e esbrevejava com a força de um terremoto em águas. Um trovão líquido.
Então, a carpa tentou. Com todas as forças ela decidiu superar aquela criatura. Lutou, esbravejou, dominou seu medo. O transformou em força. Ela não sabia que aquilo era um teste.
Enquanto subia, seu corpo mudava. Suas escamas endureciam, seus olhos abriam, sua cauda aumentava, suas barbatanas viravam garras. Ela se transformava em um dragão. E assim o foi.
Uma vez acima da cachoeira, ela olhou o mundo. Notou que não mais podia ficar naquele riacho. Notou que ali ela não cresceria. Foi a sua saída que a fez mudar. A cachoeira não era um inimigo, ao contrário!
Aquela que, ao primeiro momento, parecia um monstro, se notou um professor. Toda a dor, a tortura, a quebra de mente, apenas assim o fez para a purificar. A dor a fez mais rígida. A tortura, mais concisa. A quebra de mente, mais filosófica. A cachoeira era a porta do conhecimento, que somente aceita a troca de sangue pela sua abertura.
Então, depois de notar que o lago era muito pequeno, a carpa, agora dragão, olha para os céus. Lá, ela enxerga outros dragões. Ele sobe, voa, e nota que, assim como ele, aqueles dragões estão lá não para cuidar, preservar, ou até mesmo ajudar as carpas. Não. Eles estão lá para maltratá-las, impor-lhes a dúvida, a semente da discordia.
E com isso, eles pretendem transformar todas as carpas em dragões. Mas eles não conseguem. Pois quem nasceu para ser dragão, o faz. Mas quem nasceu para ser carpa, nunca o fará.
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