Recordar para a História ser estudada.
Com agências e portal do PT-RS
O ex-chefe da Casa Civil do Rio Grande do Sul, Cézar Busatto (PPS), depõe nesta segunda-feira (7) na CPI do Detran, da Assembléia Legislativa sobre o escândalo de corrupção que envolve o governo tucano de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Ele seria um dos participantes do esquema que desviou R$ 44 milhões dos cofres públicos – via estatais – para campanhas políticas de aliados governistas no Estado.
Quatro integrantes do primeiro escalão de Yeda já caíram por causa do escândalo: Delson Martini, secretário-geral de governo; Marcelo Cavalcante, chefe do escritório do Estado em Brasília; coronel Nilson Bueno, comandante-geral da Brigada Militar; e o próprio Busatto.
A crise política que se arrasta há semanas no Rio Grande aumentou na sexta-feira (6), com a divulgação de grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal e de conversa gravada pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM), em que Busatto reconhece o uso de estatais no financiamento de campanhas eleitorais.
Yeda dança com BusattoO ex-chefe da Casa Civil, que não sabia que sua conversa com Feijó estava sendo gravada, menciona o PP e o PMDB – os maiores partidos da base de Yeda – como beneficiários da prática em órgãos estatais que comandam, o Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) e o Detran (Departamento Estadual de Trânsito).
Depois, Busatto disse que se referia a contribuições de servidores filiados aos partidos. As duas siglas, que reúnem 18 dos 55 deputados do Estado, pressionaram Yeda pela demissão.
Impedimento
O presidente da CPI do Detran, deputado Fabiano Pereira (PT), classificou o momento de extremamente grave. Segundo ele, o diálogo gravado mostra um modelo de fazer política que compromete as instituições democráticas e que “deve ser varrido da história do Estado”.
Ele quer que Martini e Busatto compareçam à comissão de inquérito para esclarecer os fatos. “Esperamos que venham não mais como secretários de Estado, mas como cidadãos comuns dar as explicações que devem à sociedade gaúcha”.
Pela primeira vez, o impedimento da governadora foi cogitado. Os deputados petistas acreditam que, a partir de agora, a responsabilidade da Assembléia aumenta. “Existem justificativas muito fortes para se pedir o impedimento da governadora”, sintetizou Stela.
O diálogo, ocorrido no Palacinho, sede de trabalho do vice-governador, foi iniciativa do chefe da Casa Civil, que buscava uma reaproximação de Feijó com o Palácio Piratini. No decorrer da conversa, Busatto fala abertamente que o PP se beneficiou com o Detran e o PMDB com o Banrisul, entre outras coisas.
“Eu não ouvi todas as frases, pois a gravação estava ruim, mas o que ouvi é suficiente para afirmar que estamos diante de uma crise institucional inédita no Rio Grande do Sul”, sustentou o deputado Elvino Bohn Gass (PT).
O deputado Raul Pont (PT) desafiou o chefe Casa Civil a revelar à CPI quais campanhas foram financiadas pelo Detran e pelo DAER, órgãos públicos citados como fonte de financiamento dos partidos num trecho da gravação. “Se isto é verdade, o chefe da Casa Civil é réu confesso e estamos diante não só de um crime de corrupção, mas de um crime eleitoral também”, avaliou o líder do PT.
O diálogo
Apesar da má qualidade da gravação, os deputados que ouviram o áudio foram unânimes em considerar o material de altíssima gravidade. Em um trecho da conversa, Busatto tenta negociar com Paulo Feijó o apoio do vice às políticas do governo. Feijó responde que não quer cargos, apenas participar das decisões do Executivo porque foi eleito para isto. Busatto avança, diz que os partidos sobrevivem da máquina pública e cita o Detran, o Banrisul, o Daer e a CEEE. Feijó diz que não pode compactuar com as irregularidades no Detran, “assim como faz a governadora Yeda Crusius”, e que uma CPI do Banrisul seria positiva.
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