O governador Tarso Genro fez um balanço de três anos de governo em um almoço com a imprensa nesta quinta-feira (19), no Galpão Crioulo do Palácio Piratini. O balanço desse período foi apontado como positivo e veio acompanhado de um desafio proposto pelo chefe do Executivo gaúcho: “o desafio que queremos fazer a vocês (dirigindo-se aos jornalistas e às jornalistas presentes) e também aos nossos adversários é para comparar os números e resultados deste governo com os dos que nos antecederam. Para avaliar um governo é preciso compará-lo com o governo anterior, comparar as suas realizações. Nós pegamos um Estado paralisado financeiramente e o retiramos da letargia do déficit zero”.
No encontro com a imprensa, o Secretário Estadual de Comunicação, João Ferrer apresentou um filme sintetizando as principais ações do governo. “Nós estamos apresentando aqui nossas realizações e potencialidades. Não apresentamos as limitações que enfrentamos, muitas delas independentes de nossa vontade, e tampouco a forma pela qual recebemos o Estado”, disse Tarso Genro após a apresentação do filme produzido pela Comunicação do governo.
Economia gaúcha crescendo acima da média nacional
Ao fazer a defesa das realizações de seu mandato, o governador destacou os números da economia gaúcha que vem apresentando um desempenho superior à média nacional. O Produto Interno Bruto gaúcho deverá fechar 2013 em torno de 6%, mais que o dobro do índice nacional. No segundo trimestre, enquanto a média brasileira apontou um crescimento de 3,3%, a economia gaúcha cresceu mais de 15%. O acumulado no primeiro semestre chegou a 8,9%, de acordo com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), índice superior aos 2,6% registrado para o conjunto de regiões do Brasil. O valor exportado do ano alcançou a cifra de US$ 17,5 bilhões, um aumento de 28,6%, o terceiro Estado em exportação. A safra gaúcha bateu recordes este ano e a indústria cresceu 6,1%, o maior crescimento segundo pesquisa do IBGE, enquanto a média brasileira situa-se em 1,6%.
Além disso, acrescentou Tarso, o Rio Grande do Sul saiu de uma situação de isolamento nacional e internacional, retomando o diálogo com o governo federal e investindo em parcerias com outros países. “O Estado se desparoquializou. Temos hoje o maior volume de investimentos dos últimos anos, sem comparação”. De acordo com os dados do governo, o Rio Grande do Sul é hoje o segundo estado do Brasil com mais investimentos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Entre 2011 e 2014, serão cerca de R$ 40 bilhões investidos em estradas, mobilidade urbana, saneamento e habitação.
Reestruturação da dívida pública do Estado
Outro ponto destacado pelo chefe do Executivo foi a reestruturação da dívida pública do Estado. Tarso Genro está confiante que o Congresso aprovará a proposta de reestruturação que representará, segundo ele, uma nova etapa na vida do Rio Grande do Sul: “vamos sair de uma situação de dívida impagável e indeterminada para um futuro previsível e com uma dívida pagável. Pegamos um Estado sem perspectivas e agora temos a dívida renegociada e reestruturada, com 50% do caminho andado, o que em três anos é muito significativo”.
O governador apresentou o sistema estadual de microcrédito como outro fator que está impulsionando o desenvolvimento do Estado. Criado em 2011, o Programa Gaúcho de Microcrédito, em parceria com o Banrisul, beneficiou 29.714 tomadores de crédito, em 363 municípios. Entre 2011 e 2013, segundo o governo, foram mais de R$ 258 milhões destinados para micro e pequenas empresas. “O Rio Grande do Sul não cresceu só porque tivemos um bom regime de chuvas, como dizem alguns de nossos adversários. Temos uma série de políticas que vêm sendo desenvolvidas pelo governo que vem apresentado um impacto extraordinário na economia”, observou Tarso.
Aumento de 5,6% na arrecadação, sem aumentar impostos
Entre essas políticas, citou também algumas de cunho social como a política de valorização do salário mínimo regional e o Programa RS Mais Igual, que beneficia hoje cerca de 62 mil famílias no Estado. “Há cerca de 100 mil famílias vivendo no limite da situação de miséria no Rio Grande do Sul. Nós já estamos atingindo mais da metade desse número e queremos elevá-lo. Nós tivemos um aumento de arrecadação de 5,6%, sem elevar impostos, pelo contrário, reduzindo tributos em alguns setores. Nosso governo, nestes três anos, fez o dobro do que os dois governos anteriores em todas as áreas importantes. Isso começa a ser percebido pela comunidade. Não é a toa que tivemos agora no fim de ano uma melhora de avaliação expressiva. O conjunto de políticas que estamos implementando nos destaca, com sobras, em relação aos dois últimos governos”, defendeu.
Após citar esses números, Tarso comentou as críticas feitas por lideranças do PP nos últimos dias que já apontam a abertura do período eleitoral. “Essas críticas fazem parte do jogo democrático, mas eles não disseram quais são as propostas que defendem. Disseram que há aumentos salariais excessivos. Estão defendendo o arrocho salarial? Disseram que o governo gasta demais. Estão propondo a volta do déficit zero? Além disso, as críticas feitas não batem com os dados da realidade”.
O governador admitiu, por outro lado, que há um conjunto de impasses a resolver, entre eles, as dificuldades burocráticas para fazer uma obra. “Alguns desses impasses não dependem de nós, como os limites dramáticos para se fazer uma obra resultantes da sobreposição da atuação de órgãos de controle. Essa sobreposição envolve, entre outras instâncias, o Tribunal de Contas, o Ministério Público Estadual, o Ministério Público Federal e os órgãos de controle do próprio governo”.
Perda da maioria na Assembleia
Indagado sobre as possíveis dificuldades que o governo enfrentará em 2014, com a perda da maioria na Assembleia Legislativa, resultante da saída do PSB e do PDT do governo, Tarso Genro assinalou que foi perdida a maioria automática, mas não a maioria estrutural. “As votações do Orçamento para 2014 e da transferência de recursos para a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) são exemplos disso. Alguns projetos serão mais difíceis de aprovar como ocorreu agora no caso dos projetos do Banrisul. Mas isso não significa que tenha se constituído uma maioria automática contra o governo na Assembleia”, concluiu.
Marco Weissheimer
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