A vida, a música , raízes e
origens.
Por mais que hoje possamos ter vários argumentos da origem da existência humana, de sua evolução física, moral, cultural, uma questão é pontual. O espírito que pulsava nos primórdios teve a sensibilidade de passar os sentimentos para a carne nos momentos marcantes das poesias, crônicas, sons e ritmos que possam produzir com a voz, instrumentos, balanço do corpo a energia de conjunto, vibração, mundo, elementos alicerces na construção coletiva e evolução social de uma tribo, uma nação.
As agudas ou graves “vozes ou gritos”, altos ou baixos deram o tom para a comunicação entre homens. O ritmo que provoca o movimento do corpo, as danças pela marcação de pés, palmas ou os primeiros instrumentos sonoros, pedaços de madeira, pedras, chifres...., aos primeiros acordes de apitos e flautas, em bambus, ossos vazados, couro, foram perseguição constante para chegar em uma das maiores criações humana, a música. Elemento transformador entre animal e homem, ritmo, poesia, cultura, lazer, memória, história.
A onde o homem andou e firmou raízes, criou cultura, transformou ambiente, fez sua própria arte, com os elementos trazidos por ancestrais e da natureza local.
A audição esta presente em nossas vidas como um dos primeiros elementos da sensibilidade, é uterina, por extinto busca ouvir e construir sons que nos agradem e complementam.
Há elementos que nos permite ponderar que a presença humana no Estado do Rio Grande do Sul com registros de 13000 anos. Fragmentos que apontam um homem nômade caçador de animais, alguns extintos. Estes elementos conduzem as trilhas construídas por pegadas firmes junto aos afluentes do Rio Ibicuí, no “Lajeado dos fosseis”. Recentemente em Alegrete com a estiagem do verão de 2005 foram expostos dez fragmentos de animais da megafauna da América do sul, “Os fragmentos encontrados são de três espécies de animais, entre elas o gliptodonte, tatu gigante que comia insetos se plantas e era de um tamanho de um fuca. A outra – o Lestondonte artanus ou preguiça-gigante – pesava até três toneladas, alimentava-se de vegetais e vivia à beira dos pântanos. Já o toxodinte, que viveu na América do Sul por quase dois milhões de anos no Pleistoceno, assemelhava-se a um rinoceronte sem chifre e pode ter travado contato com os primeiros habitantes do pampa”.
Nossos ancestrais pampianos nas viveram em ambiente árido, temperatura média a seis graus menos, como seus antepassados em longas caminhadas pelas Américas. Nestes pagos, com sua bagagem construíram observando a natureza, sobrevivendo, adquirindo acúmulo para tantos desafios a serem enfrentados seus métodos para sobreviver e precaver o inesperado e o desconhecido trabalhando em grupos, seus sons, ritmos e história oral passaram por gerações chegando por manifestações culturais ou religiosa e memória aos homens que aqui viviam quando outras civilizações ocuparam seu território trazendo novos elementos, instrumentos, tecnologia, ritmos e canções da península ibérica entrelaçando temperos de vida e modos de ver o mundo de pensar e rezar para o criador.
Por volta era cristã, boa parte do estado do Rio Grande do Sul foi ocupada pela nação Guarani, provavelmente do Amazonas e meio a migração de fundo religioso como em quase todo litoral do Brasil. Culturalmente mais avançados, conheciam a cerâmica, tomavam mate e cultivavam mandioca, milho, amendoim. A partir do século XVI interagem com a cultura Européia em duas frentes: ao mesmo tempo em que eram atacados por caçadores de índios de São Paulo, foram alvo também de jesuítas luso espanhóis.
No verão de 1605 os padres João Lobato e Jerônimo Rodrigues, saíram a pé de Laguna para o Rio Grande do Sul. Os colonos de São Paulo que comerciavam os carijós fizeram os padres pararem. Mais tarde pela fronteira oeste, jesuítas espanhóis como Roque Gonzáles de Santa Cruz, partindo de Assunção, em janeiro de 1626, fundou a primeira Redução em solo do rio grande, São Nicolau.
È muito provável que na região das missões outras expedições e aventureiros mais despojados e encantados com as terras selvagens e promissoras, motivados pela fé ou pelas Coroas tenham cruzados os pagos vindos da banda do Rio Uruguai, litoral catarinense e mesmos dos movimentos escravista de São Paulo.
Mais ante a este novo elemento de outra cultura e raça a cruzar, observar e invadir a região os nativos tinham sua estrada sua cultura, suas crenças, razões para viver.
Por outro lado o primeiro europeu que se tem conhecimento verte de 1531 Martin Afonso de Souza, na busca de reconhecimento do Rio da Prata, uma nave segue para seu entendo e outra naufragou na região de Tramandaí, que por hora ficou conhecido como rio São Pedro. Acharam local muito hostil e fora do Tratado de Tordesilhas desistindo da ocupação.
Os açorianos que vieram a partir de 1752 ocupar a região das Missões, devido aos constantes confrontos com os índios na região dos Sete Povos, se estabeleceram a partir de Rio Grande em três importantes direções: para Porto Alegre e ao longo do curso médio do rio Jacuí; para Pelotas e para Santa Vitória do Palmar.
Os negros habitavam o sul do Brasil desde o inicio da colonização. Os maiores contingentes chegaram na primeira metade do século XVIII. O censo populacional de 1802 apresentava a entrada de 800 anos por ano, a maioria para as charqueadas da zona sul. O censo de 1814 já eram 20.611 num total de 70.650 habitantes, naturais de Angola – grupos Bemguela e Angola. Benguela nação Runbundu do antigo reino de N’dongo. Mais tarde grupo Mina, assim chamados por embarcarem no Castelo da Mina Guiné.
Os imigrantes europeus vieram para o processo de assentamento, inicialmente alemã em 1824 e posteriormente italiana em 1875 e outras etnias na proximidade de 1900.
Esta posta desta forma o manancial cultural com raízes profundas no passado primitivo do nativo brasileiro e gaúcho e a contribuição de continentes culturalmente diferentes. Este agregar de vozes, ritmos e existência formaram a base da qualidade e diversidade da magnífica música gaúcha.
Trabalho base de História da Música para minha pós-graduação.
Tide Liam - Uri - 2006.
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