Caro Tide.
Embora ache que o processo de coligações partidárias seja justo, democrático e aceitável, sempre defendi publicamente o lançamento das chamadas 'chapas puras', e explico algumas das razões deste meu ponto de vista:
1) Nas coligações todos têm de ceder um pouco. Não vejo esta disposição política, a de abrir mão de vantagens e de princípios em favor do bem comum da sociedade. O que impera e, cada vez mais se verifica, é o toma-lá, dá-cá;
2) Atualmente, inexistem lideranças com espírito público. Da coisa pública, da res publica para todos. Todos são eleitos e fecham-se num casulo defendendo determinados segmentos da sociedade, quer partidários, quer religiosos, quer associativos, quer raciais, quer corporativos, quer regionais etc;
3) Loteia-se a máquina pública. Cada qual é dono da 'sua' querência, do 'seu' pedaço;
4) É o melhor método para medir a permeabilidade e a aceitação de determinadas ideias.
Embora as divergências, na prática partidária, no entanto, há coisas a preservar-se. A da urbanidade. A da convivência social. A do diálogo. A de não fecharem-se as portas
Estas portas, as do diálogo, a favor da sociedade, têm de permanecerem sempre abertas. O caminho do diálogo em busca das soluções tem de permanecer desobstruído. Os embates têm de ficar no campo das ideias, não do pessoal. Inimizades não levam à nada. Pelo contrário, impossibilitam a perspectiva de futuras alianças, tanto eleitorais quanto de governabilidade.
Na vida democrática não há mais lugar para sigilos, votos secretos, acordos à portas fechadas. Conluios espúrios. Exige-se e espera-se a transparência dos atos. O livre acesso de tudo e à todos.
Sintetizando o que penso, digo que, nas chamadas coligações, também chamadas de frentões, é muito difícil, praticamente impossível governar. Há de se administrar muitas divergências, muitos interesses. Perde-se muito tempo e energia com isto. Há o natural desgaste político. Há a inefetividade das ações.
Quando se governa aplicando os princípios partidários de forma pura, a sociedade apoia. Já os conhece de antemão. Já os conhece dos debates eleitorais prévios. Já conhece as ideias e a tendência política daquele determinado partido.
O Carancho#
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