Uma reportagem de Zero Hora está, de certa forma, revoltando os conhecedores da história de Santiago. Erros ou distorções, não se sabe. Mas o fato é que as informações causaram profundo mal-estar, uma vez que vivemos um momento eleitoral no qual começará a se definir quem vai ser o próximo prefeito do município. Confira a análise publicada no blog O Boqueirão (http://o-boqueirao.blogspot.com.br/):
*Uma breve análise - dos equívocos?! - da matéria de ZH sobre as eleições em Santiago/RS
A - já - (no mínimo) polêmica matéria (de hoje) veiculada pelo jornal Zero Hora (do grupo RBS, principal braço midiático do PiG* gaudério) sobre as razões da hegemonia do setor majoritário da direita em Santiago (PP) está eivada de erros, tendenciosidade, imprecisões e declarações equivocadas ... também de setores 'oposicionistas ao PP', sobretudo de parte do ilustre ex-prefeito Vulmar Leite, hoje no PSDB.
Para começo de conversa, a manchete 'O município que é governado há 120 anos pelo mesmo grupo partidário' está errada, pois dá idéia de continuidade, o que não é verdade. No corpo da matéria está o desmentido: " (...) os opositores só conseguiram chegar ao poder por duas vezes, em 1956 e 1993 (...)" Então, cara pálida, o PP e aliados estão no governo municipal, de forma consecutiva, há 16 anos - e não há 120!
Segundo erro: o poeta Aureliano de Figueiredo Pinto é natural de Tupanciretã (seu berço de nascimento), tendo adotado Santiago somente na etapa madura da vida.
A matéria também ‘esquece’ de citar o importante papel do antigo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) de Rubem Lang , na época em ascenso (semelhante ao PT de hoje), com grande apoio popular pelos seus méritos e pela liderança emergente de Brizola (o Dr. Lang parece, na matéria de ZH, ter concorrido e governado sem partido, de 1956 a 1959).
A declaração atribuída ao ex-prefeito Vulmar (de que a razão das derrotas para a ex-Arena é culpa do PT) é sintomática dos motivos pelos quais a ‘unidade da oposição ao PP local’ é muito difícil de ser conseguida. Vulmar esqueceu-se (se verídica sua declaração) de elencar que, dentre os fatores que proporcionaram sua vitória (ou, melhor, a vitória da oposição de centro-esquerda) em 1992 esteve o fato do Partido dos Trabalhadores, mesmo não tendo integrado oficialmente a coligação liderada pelo PMDB/PDT, tê-lo apoiado e participado ativamente da campanha vitoriosa. Como recompensa, depois da vitória o PT foi solenemente ignorado (para dizer o mínimo) na montagem do governo Vulmar Leite (1993/1996)...
Por fim (teríamos outras considerações, mas deixa pra lá), para comprovar outra imprecisão da matéria, o sociólogo, advogado e blogueiro Júlio Prates (um dos entrevistados por ZH) informa em seu blog que suas avaliações sobre os motivos da hegemonia do PP estão fora de contexto: “(...) a matéria onde eu sou citado precisa ser contextualizada, pois os dados do meu livro PAMPA EM PROGRESSO foram pesquisados em 2003/2004, escritos em 2005 e publicado em janeiro de 2006.” Faço questão de destacar, contudo, que um dos motivos (da hegemonia conservadora) que ele elenca é relevante e merece a atenção, sobretudo, do PT e dos setores de esquerda e populares: como foi olvidado, ao longo dos últimos anos, sobretudo, a intervenção e a disputa nos movimentos populares locais, nas entidades sociais/comunitárias, nas associações de moradores (sobretudo)? Ora, deixar para organizar-se e 'fazer oposição ao PP' apenas nos períodos eleitorais é a receita do fracasso, para a satisfação de quem detém, principalmente, os cabides de emprego e outras 'facilidades' proporcionadas por quem controla - com punho de ferro mas, sobretudo, com a 'caneta' - a 'máquina municipal'.
Então, para os pepistas, entusiastas, adesistas e afoitos, devagar com o andor, pois a coisa não é assim como parece ser...
Aliás, em tempos de governos Tarso e Dilma, quando o Rio Grande e o Brasil crescem, avançam, reparam injustiças históricas, geram emprego, renda, resgatam o papel da cidadania, são respeitados nacional e internacionalmente, Santiago “orgulhar-se” do conservadorismo e do atraso proporcionados pela direita jurássica ... seria dose.
Ainda bem que ZH/RBS, assim como a maioria dos seus colegas do PiG (Partido da Imprensa Golpista) estão cada vez mais desacreditados, pois não é esse o sentimento que auscultamos da maioria da população - que quer mudanças de verdade também no município e que, não por acaso, a matéria tendenciosa de ZH não captou.
ET: Repercussão: A propósito dessa reporcagem de ZH, diz o blogueiro Jorge Loeffler, do conceituado Blog Praia de Xangri-lá: "(...) isto é uma notícia queentristece aos que pensam. Estamos no terceiro milênio e uma cidade deste estado ainda se conserva ouso dizer no medievo em termos de pensamente político. A alternância no poder é e sempre será salutar e por razões óbvias. Pobre cidade que tem um povo politicamente tão pobre."
*Por Júlio Garcia
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