“A ti índio de todas as Américas,
Se nada tenho do teu sangue,
todo o meu se resume em ad-
miração e respeito por tudo
que foste, por tudo que reali-
zaste. Enfim, és o meu irmão,
filho do mesmo Pai.”
Alceu Krug Ferreira ALL FERR
Ocasos sangrentos
Tive a oportunidade de escavar uma urna de cerâmica que tinham resíduos de farelos de grãos em Santiago na Cerca de Pedra e há outros resíduos a serem escavados e estudados na região por testemunhos orais e características de localização pela ocupação indígena e missioneira de épocas passadas. Observei em outras ocasiões, pedras de boleadeira, material lascado e cerâmico de pequenos colecionadores e de museus. Conheço Itapuã, Viamão, Morro do Osso, Tristeza em Porto Alegre e em um monumental Sambaqui na região do Farol de Santa Marta em Laguna, Santa Catarina.
Na Região do Ibicui, Alegrete, São Francisco de Assis, Santiago o Vale do Jaguari, Missões e adjacências são fortes a demonstração dos nossos antepassados, fora museus, e um manancial de pesquisadores prontos para leituras e releituras. Nosso território é rico em elementos. Falta-nos pesquisa séria e comprometida com a decisiva contribuição indígena na cultura e tradição gaúcha e a humildade de reconhecer que sem o vermelho de nossos ancestrais indígenas que corre em nossas veias o Rio Grande, o gaúcho não existiria.
Devemos em honra a este passado fantástico, ao futuro de nossos filhos e a nossa própria cultura, divulgar o tanto que sabemos, e imediatamente pesquisar, carimbar registros e rastros, como responsabilidade acadêmica de extensão e construção do conhecimento, responsabilidade pública quanto ao acervo do nosso patrimônio cultural e étnico e de soberania local, regional e nacional enquanto nossa identidade perante movimentos globalizantes e uniformatizantes da cultura estrangeira, principalmente a norte americana.
Nossa história é patrimônio cultural, alicerce de nossa identidade, responsabilidade de todos.
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