Os primórdios
Início dos Sete Povos das Missões
Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida numa área onde estivesse mais segura, e escolheram, para isto, a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul.
Os habitantes das diversas reduções jesuíticas foram transferidos para essa região, dando origem aos "Sete Povos das Missões": São Francisco de Borja (fundado em 1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Angelo Custódio (1796). Algumas dessas povoações situavam-se em locais que haviam sido anteriormente ocupados por reduções jesuíticas, mas que tinham sido abandonadas devido aos ataques de bandeirantes.
Com a formação dos Sete Povos, a obra dos jesuítas atingiu o seu apogeu. A agricultura e a pecuária desenvolveram-se e, em 1691, um missionário informava que "tantos bois, vacas, terneiros e cavalos (há) em nossos campos que tu em muitos lugares, nada mais vês, de tanto gado gordo e bonito".
Mais adiante, comentava que "dentro dos aldeamentos o Padre Missionário distribui, gratuitamente, duas vezes ao dia, a carne que os índios precisam", deixando claro que os animais eram criados para abate.
Não era apenas com a conversão e alimentação dos índios que os jesuítas se preocupavam. Vindos da Europa, onde havia um considerável desenvolvimento do artesanato, os padres procuraram incutir nos indígenas uma mentalidade que valorizasse o trabalho manual.
O aprendizado de uma profissão era constantemente incentivado e, desde a infância, os índios eram orientados para a escolha de uma atividade agrícola ou artesanal. Além de habituarem os nativos ao trabalho, os jesuítas procuravam com isto tornar as missões auto-suficientes, independentes das possessões portuguesas e espanholas que as cercavam, e que sempre olhavam com cobiça seus índios e seu gado.
É difícil, porém, estabelecer o grau de relacionamento comercial entre as missões e as possessões espanholas (a que estavam legalmente vinculadas). Segundo Lugon, autor da obra de maior fôlego sobre o assunto, as reduções exportavam diversos artigos, dentre os quais peles, couros curtidos e arreios, para Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé, Assunção e Vila Rica; e importavam produtos manufaturados e metais.
Ainda de acordo com Lugon, a importação de manufaturados quase cessou, assim que as oficinas das missões foram convenientemente aparelhadas, permanecendo somente a importação de metais.
(Por: Lígia Gomes Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in Brazil'" - Editora L&PM, 1986)
Início dos Sete Povos das Missões
Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena convertida numa área onde estivesse mais segura, e escolheram, para isto, a zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul.
Os habitantes das diversas reduções jesuíticas foram transferidos para essa região, dando origem aos "Sete Povos das Missões": São Francisco de Borja (fundado em 1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Miguel Arcanjo (1687), São Lourenço Mártir (1690), São João Batista (1697) e Santo Angelo Custódio (1796). Algumas dessas povoações situavam-se em locais que haviam sido anteriormente ocupados por reduções jesuíticas, mas que tinham sido abandonadas devido aos ataques de bandeirantes.
Com a formação dos Sete Povos, a obra dos jesuítas atingiu o seu apogeu. A agricultura e a pecuária desenvolveram-se e, em 1691, um missionário informava que "tantos bois, vacas, terneiros e cavalos (há) em nossos campos que tu em muitos lugares, nada mais vês, de tanto gado gordo e bonito".
Mais adiante, comentava que "dentro dos aldeamentos o Padre Missionário distribui, gratuitamente, duas vezes ao dia, a carne que os índios precisam", deixando claro que os animais eram criados para abate.
Não era apenas com a conversão e alimentação dos índios que os jesuítas se preocupavam. Vindos da Europa, onde havia um considerável desenvolvimento do artesanato, os padres procuraram incutir nos indígenas uma mentalidade que valorizasse o trabalho manual.
O aprendizado de uma profissão era constantemente incentivado e, desde a infância, os índios eram orientados para a escolha de uma atividade agrícola ou artesanal. Além de habituarem os nativos ao trabalho, os jesuítas procuravam com isto tornar as missões auto-suficientes, independentes das possessões portuguesas e espanholas que as cercavam, e que sempre olhavam com cobiça seus índios e seu gado.
É difícil, porém, estabelecer o grau de relacionamento comercial entre as missões e as possessões espanholas (a que estavam legalmente vinculadas). Segundo Lugon, autor da obra de maior fôlego sobre o assunto, as reduções exportavam diversos artigos, dentre os quais peles, couros curtidos e arreios, para Buenos Aires, Corrientes, Santa Fé, Assunção e Vila Rica; e importavam produtos manufaturados e metais.
Ainda de acordo com Lugon, a importação de manufaturados quase cessou, assim que as oficinas das missões foram convenientemente aparelhadas, permanecendo somente a importação de metais.
(Por: Lígia Gomes Carneiro, em "Trabalhando o couro - Do serigote ao calçado 'made in Brazil'" - Editora L&PM, 1986)
As reduções jesuítico-guarani, localizadas em território hoje brasileiro, eram conhecidas por Sete Povos das Missões: São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio. Hoje podemos visitar os remanescentes arqueológicos de quatro dessas reduções. Os jesuítas desenvolveram a arte entre os Guarani através da pintura, escultura, música e teatro. A ciência se manifestou na construção de relógios de sol, fundição de ferro, etc. Os jogos esportivos também estavam presentes, sendo praticados na grande praça.
O Tratado de Madri (1750) determinou a troca dos Sete Povos das Missões pela Colônia de Sacramento. Revoltados com este tratado, os missioneiros entraram em confronto com a Espanha e Portugal (1754/1756) na chamada Guerra Guaranítica, em que foram derrotados. Tiveram, então, que seguir para a margem Ocidental do Rio Uruguai. Após a assinatura do Tratado de El Pardo (1761), que anulou o de Madri, retornaram aos seus antigos domínios.
Os Sete Povos voltaram ao domínio espanhol, mas a confiança nos jesuítas e nas autoridades estava abalado. Iniciou-se o declínio dos povoados, acentuado pela expulsão dos jesuítas (1768), pela implantação da administração leiga espanhola e posterior invasão e ocupação pelos portugueses (1801). No século19 a maioria dos reduções foram abandonadas.
De três povoados surgiram cidades que hoje são pólos regionais: Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Borja. No início do século 20 as autoridades brasileiras despertaram para a preservação desse importante testemunho de nossa história.
As Missões Jesuítico-Guarani são consideradas Patrimônio Cultural do Brasil e protegidos pelo IPHAN. São Miguel Arcanjo é considerada, também, Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Trabalhos integrados de conservação, proteção e valorização envolvem os comunidades locais, as universidades, a iniciativa privada, a Associação Amigos dos Missões e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O Tratado de Madri (1750) determinou a troca dos Sete Povos das Missões pela Colônia de Sacramento. Revoltados com este tratado, os missioneiros entraram em confronto com a Espanha e Portugal (1754/1756) na chamada Guerra Guaranítica, em que foram derrotados. Tiveram, então, que seguir para a margem Ocidental do Rio Uruguai. Após a assinatura do Tratado de El Pardo (1761), que anulou o de Madri, retornaram aos seus antigos domínios.
Os Sete Povos voltaram ao domínio espanhol, mas a confiança nos jesuítas e nas autoridades estava abalado. Iniciou-se o declínio dos povoados, acentuado pela expulsão dos jesuítas (1768), pela implantação da administração leiga espanhola e posterior invasão e ocupação pelos portugueses (1801). No século
De três povoados surgiram cidades que hoje são pólos regionais: Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Borja. No início do século 20 as autoridades brasileiras despertaram para a preservação desse importante testemunho de nossa história.
As Missões Jesuítico-Guarani são consideradas Patrimônio Cultural do Brasil e protegidos pelo IPHAN. São Miguel Arcanjo é considerada, também, Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Trabalhos integrados de conservação, proteção e valorização envolvem os comunidades locais, as universidades, a iniciativa privada, a Associação Amigos dos Missões e o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
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