Sampaio produziu faixas e Sampaulo, desenhos vendidos no Mata-Borrão
Nubia Silveira
A dupla Sampaulo e Sampaio, os irmãos que se tornaram conhecidos por suas charges e caricaturas, se integraram à Legalidade. Fizeram do Mata-Borrão o seu local de luta. José Miguel Pereira de Sampaio, o Sampaio, fazia parte de um grupo de artistas liderados por Xico Stockinger. Ele desenhava faixas e cartazes, com palavras e frases motivadoras. “Escrevia aquelas bobagens, que no momento era muito importante. Tinha aquela do “povo unido” e também a frase da revolucionária espanhola, a Pasionária (Isidora Dolores Ibárruri Gómez): ‘Prefiro morrer de pé a viver de joelhos’”, recorda Sampaio.
Sampaulo, falecido em 1999, fazia desenhos, impressos pelo Comando Central do 1º Comitê de Resistência Democrática e vendidos a um cruzeiro (moeda da época), para ajudar na luta contra o golpe pretendido pelos ministros militares. Filha de Sampaio, Maria Lúcia, conta que foi até o Mata-Borrão e comprou um desenho do tio. Na época, tinha 14 anos. Ao chegar em casa, levou um “carão” da mãe. “Ela não entendeu por que comprei desenhos que poderia ter de graça”, diz a sobrinha que envia ao Sul21 dois dos desenhos que Sampaulo fez para a Resistência Democrática.
Em 1961, Sampaio, que nasceu em São Luiz Gonzaga e cedo se mudou para Porto Alegre, trabalhava na Folha da Tarde como ilustrador. Também colaborava, aos sábados, com uma seção de humor e, às vezes, fazia charges. Não fez nenhuma sobre a Legalidade, afirma, aos 83 anos.
Ao contrário do irmão, o uruguaianense Paulo Brasil Gomes Sampaio, o Sampaulo, dedicou-se ao tema da Legalidade, no jornal A Hora, onde trabalhava. Depois, passou pelo Diário de Notícias, Companhia Jornalística Caldas Jr, (Folha da Tarde e Correio do Povo), o Estado do Rio Grande e Zero Hora. Sampaio acredita que a capacidade para o desenho foi herdada do pai João Pereira Sampaio, que “pintava e desenhava muito bem e, nas horas vagas, era desembargador”.
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