po de trabalho.
Déficit de 57% no quadro funcional, falta de motoristas, apenas um repórter em dezembro, último concurso ocorrido há mais de dez anos, apenas R$ 425 mil destinados a investimentos neste ano, equipamentos defasados, outros abandonados, 30 das 40 retransmissoras fora do ar. Esse é o quadro da TVE, a TV Pública do Rio Grande do Sul, apontado por relatório elaborado pelo presidente da Fundação Cultural Piratini – que controla a emissora –, Pedro Luiz Osório.
Segundo o relatório, o total de recursos para investimentos não executados entre os anos de 2007 e 2010 foi de R$ 2 milhões. Em 2008 foram investidos apenas 3,99% de um total de R$ 117,9 mil. As informações são do Jornal JÁ.
Parte da situação terrível é resultado da falta de aplicação de investimentos programados para a emissora. A totalidade da situação é resultado da ausência completa de Políticas Públicas para a comunicação nos últimos dois governos gaúchos – Yeda Crusius (PSDB) e Germano Rigotto (PMDB).
Na gestão de Yeda, a situação piorou. Ela botou à venda o prédio onde operava a TVE e aprofundou seu aparelhamento político. Uma situação que, nos últimos oito anos, quase levou à extinção tanto a emissora de TV quanto a FM Cultura, rádio também ligada à Fundação Piratini.
Em entrevista ao blog JornalismoB, a atual secretária de Comunicação do governo estadual, Vera Spolidoro, afirmou que A Fundação Piratini deve ser cada vez mais pública e menos estatal. Há um esforço, no país, para que isso aconteça a partir da criação da EBC-Empresa Brasileira de Comunicação. A TV Piratini e a FM Cultura estão sendo revitalizadas, dentro do espírito que defendemos de pluralidade, tanto na emissão de opiniões por parte dos veículos, como de possibilitar um espaço para que as vozes da sociedade sejam ouvidas.
As dificuldades são enormes, mas a TVE precisa ser repensada e reestruturada para passar a servir aos gaúchos, a servir ao interesse público. As emissoras públicas de televisão são fundamentais para a democracia, para pluralizar o acesso à voz, o direito de se expressar. O abandono da TVE durante os dois últimos governos é sintoma da falta de apresso democrático dos governantes, e precisa ser urgentemente revertido. Mas pensar a qualidade da programação e formas de aproximar a sociedade da emissora é fortalecê-la, fazer com que cumpra seu papel, e blindá-la para que sua sobrevida seja também garantia de continuidade nas Políticas Públicas de comunicação. É importante, nesse sentido, que a sociedade organizada participe dessa reconstrução.
Relatório com diagnóstico das emissoras foi entregue ao governador Tarso Genro
A diretoria da Fundação Cultural Piratini entregou um relatório ao governador Tarso Genro, em que apresenta o diagnóstico da TVE e da FM Cultura. O que já havia sido relatado no período de transição dos governos foi reafirmado no documento elaborado durante três meses. A principal medida apontada pela diretora geral, Marta Kroth, é referente ao sinal em que as emissoras trabalham – a ideia é iniciar os preparativos para que a transmissão comece a ser digital.
Esta e outras demandas estão sendo encaminhadas por um grupo de trabalho formado por representantes da fundação e da Secretaria de Comunicação e Inclusão Digital do Estado. Além de Marta, integram o grupo o diretor administrativo-financeiro das emissoras, José Mariano Melo; a assessora jurídica Cícera Nascimento; o diretor geral da Secom, Luciano Ribas; e representantes das secretarias de Planejamento e de Tecnologia do Estado.
A equipe tem a missão de entregar, em 45 dias, um plano de ação para as medidas necessárias, especialmente no que diz respeito a alternativas de financiamento. “Vamos tentar recursos federais, privados, por editais e até internacionais”, explicou Marta. Outra medida que a diretora considera como prioritária é a instalação do transmissor analógico, que, apesar de ter sido adquirido no governo de Olívio Dutra (1999-2002), ainda possui considerável vida útil – este é o primeiro passo para a troca do sinal para digital.
Para suprir a falta de recursos humanos, Marta explica que foi solicitada a viabilidade de contratações emergenciais, pois a Fundação Piratini atualmente trabalha com apenas 43% do seu quadro funcional, mas que o assunto ainda está sendo discutido pelo grupo de trabalho.
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