sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ataque súbito de moralidade e abate de ministros


Nos últimos meses quatro ministros foram abatidos e um quinto se mantém, ainda, na “alça de mira”, todos denunciados pela grande mídia. Todos eles ligados, de um modo ou de outro, ao ex-presidente Lula.
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Antônio Palocci (Casa Civil), ex-homem forte da economia lulista e que abriu espaços vitais no meio empresarial para a campanha eleitoral vitoriosa e para o governo de Lula. Nelson Jobim (Defesa), camaleão que se tornou amigo e conselheiro de Lula. Alfredo Nascimento (Transportes), do PR, partido de centro-direita atraído ao governo por Lula e transferido por ele ao governo de Dilma. Wagner Rossi (Agricultura), do PMDB de Michel Temer, conquistado por Lula para a chapa de Dilma. Pedro Novais (Turismo), em sobrevida, do PMDB de José Sarney, aliado tardio de Lula, mas que aderiu na primeira hora ao seu governo e cujo apoio foi transferido a Dilma.
Se Nelson Jobim caiu pela boca, depois de fazer muitas provocações, deve-se recordar que todas elas foram divulgadas e amplificadas ad nausean pela grande mídia. Todos os demais ministros foram defenestrados após denúncias incessantes da imprensa. Nenhum deles, aliás, foi demitido pela presidenta. Todos “se demitiram”, depois de serem “prestigiados” em público pela presidenta, mesmo que tenham sido pressionados em reservado pela própria presidenta. Ou se esclarecem cabalmente ou “se demitem”, é a senha. Resta um.
Sob aplausos da população, cansada de corrupção e do uso privado das coisas públicas, o ataque de moralidade que hoje assola a grande imprensa brasileira causa estranheza, no entanto. Por que motivos são trazidos à tona só agora desmandos há muito considerados (quase) normais na política brasileira?
Prestar assessoria a empresas e enriquecer em poucos meses, como fez Palocci, ainda que profundamente reprovável do ponto de vista ético, não é ilegal e é prática exercida por inúmeros ex-czares da economia pátria. Ser amigo e votar no adversário político ou fazer críticas a integrantes da equipe de governo, como fez Jobim, é democrático, ainda que não aconselhável a um ministro. Facilitar licitações, aditivos contratuais e apadrinhar empresas, de que foram acusados Nascimento, Rossi e Novais, são práticas antigas que raramente mereceram, ao longo dos anos, a ira da imprensa.
Além dos ataques que derrubaram ministros ligados a Lula, a grande mídia vem insistindo, há meses, no “início”, afinal, do “governo Dilma”, com a dispensa da “herança lulista”. Povoam, ainda, o universo das especulações, a possível volta de Lula em 2014 e a consequente dispensa de Dilma na eleição futura. São idéias divulgadas pela grande imprensa que objetivam a gestação da cizânia, de um lado, e o enfraquecimento de Lula e do PT, de outro. É Dilma Rousseff a boa presidenta, desde que afastada da herança (“maldita”) de Lula e livre do PT, parece asseverar, a grande mídia.

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