Artigo publicado no jornal A Razão (19/08/11) - Mais moral, mais exemplos, mais mestres
Ao tomar conhecimento de que um jovem foi assassinado em pleno Calçadão de Santa Maria, logo me veio a mente o pensamento: se está se tirando uma vida no local mais movimentado da cidade, imagine o risco que estão sujeitas as pessoas que habitam a periferia da cidade ou que moram na zona rural. Neste final de semana, a tragédia se consumou. Todavia, dias antes outra barbárie já havia ocorrido também no Calçadão quando duas pessoas foram espancadas por uma gangue de jovens à luz do dia.
Fosse em outra época e a sociedade apontaria o canhão da responsabilidade por tamanho absurdo para questões econômicas e sociais. É normal, apesar de inaceitável, que quando um país passa por um crise sócio-econômica, ocorra uma escalada de violência. Pois este não é o caso do Brasil atual. Vivemos uma situação de pleno emprego. O baixo índice de desemprego nacional dá inveja em muito país europeu.
Então, afastado este motivador, só posso entender que a crise que faz um grupo de jovens tomar de assalto o Calçadão de Santa Maria e entender que ali pode exterminar um ser humano desafeto a pontapés, é uma crise moral. Infelizmente passamos hoje por um desabastecimento de valores, um desapego de referências. Hoje, os pais, outrora paradigmas posturais, são mandados pelos filhos. Os professores, outrora mestres, são ameaçados ou até mesmo agredidos pelos alunos, quando tentam justamente educá-los para se desenvolverem na vida. Os idosos, outrora sábios, são desdenhados pelos jovens quando tentam transmitir um conselho. Os livros, outrora grande fonte de conhecimento e educação, hoje foram expurgados pela ampla oferta de entretenimento duvidosa ofertada pela televisão e pela internet. No nosso mundo de hoje conversar com o pai e com a mãe é perda de tempo. Ganho de tempo é o mais cedo possível, muitas vezes ainda na pré-adolescência, ir com a “turma” para a balada e lá se iniciar no álcool, no cigarro e por ventura nas drogas. O bonito hoje para nossos jovens não é ser admirado, é ser temido. Ser tolerante é ser boboca. Ser bondoso é ser pateta.
Longe aqui de se querer criminalizar posturas e doutrinar mentes. Mas é certo que a combinação de todas as práticas não pode resultar em algo produtivo. O somar desses desvios que notamos em cada esquina é combustível para a delinqüência e para a banalização da vida que hoje chega a valer um boné usado. Mais presídios, mais policiais, mais vigilância? É necessário. Mas o melhor seria mais moral. Mais exemplos. Mais mestres. Mais educação. Mas não só a importantíssima educação dos livros. Refiro a educação de modos, de postura e de humanidade. Você que é pai ou mãe observe o seguinte: quanto tempo do dia ou da semana você dedica para ouvir o seu filho e sua filha sobre a vida dele ou dela? E você que é filho ou filha: quantos minutos do dia ou da semana dedica para conversar com seu pai, sua mãe ou sua avó sobre a vida sem achar isso uma grande bobagem? Se em casa não recebemos ou não estamos dispostos a receber referenciais não será através somente do cassetete de um policial ou da voz altiva de um professor esforçado que vamos aprender a agir com humanidade.
Reforço: mais moral, mais exemplos e mais mestres e não teremos mais nosso Calçadão e nossa cidade transformados em uma arena pública de selvageria. Concordo com o ilustre promotor Adede y Castro, que em artigo sobre este mesmo tema esta semana disse que o momento não é de assumir culpas, mas de assumir responsabilidades.
Valdeci Oliveira, deputado estadual (PT)
Fosse em outra época e a sociedade apontaria o canhão da responsabilidade por tamanho absurdo para questões econômicas e sociais. É normal, apesar de inaceitável, que quando um país passa por um crise sócio-econômica, ocorra uma escalada de violência. Pois este não é o caso do Brasil atual. Vivemos uma situação de pleno emprego. O baixo índice de desemprego nacional dá inveja em muito país europeu.
Então, afastado este motivador, só posso entender que a crise que faz um grupo de jovens tomar de assalto o Calçadão de Santa Maria e entender que ali pode exterminar um ser humano desafeto a pontapés, é uma crise moral. Infelizmente passamos hoje por um desabastecimento de valores, um desapego de referências. Hoje, os pais, outrora paradigmas posturais, são mandados pelos filhos. Os professores, outrora mestres, são ameaçados ou até mesmo agredidos pelos alunos, quando tentam justamente educá-los para se desenvolverem na vida. Os idosos, outrora sábios, são desdenhados pelos jovens quando tentam transmitir um conselho. Os livros, outrora grande fonte de conhecimento e educação, hoje foram expurgados pela ampla oferta de entretenimento duvidosa ofertada pela televisão e pela internet. No nosso mundo de hoje conversar com o pai e com a mãe é perda de tempo. Ganho de tempo é o mais cedo possível, muitas vezes ainda na pré-adolescência, ir com a “turma” para a balada e lá se iniciar no álcool, no cigarro e por ventura nas drogas. O bonito hoje para nossos jovens não é ser admirado, é ser temido. Ser tolerante é ser boboca. Ser bondoso é ser pateta.
Longe aqui de se querer criminalizar posturas e doutrinar mentes. Mas é certo que a combinação de todas as práticas não pode resultar em algo produtivo. O somar desses desvios que notamos em cada esquina é combustível para a delinqüência e para a banalização da vida que hoje chega a valer um boné usado. Mais presídios, mais policiais, mais vigilância? É necessário. Mas o melhor seria mais moral. Mais exemplos. Mais mestres. Mais educação. Mas não só a importantíssima educação dos livros. Refiro a educação de modos, de postura e de humanidade. Você que é pai ou mãe observe o seguinte: quanto tempo do dia ou da semana você dedica para ouvir o seu filho e sua filha sobre a vida dele ou dela? E você que é filho ou filha: quantos minutos do dia ou da semana dedica para conversar com seu pai, sua mãe ou sua avó sobre a vida sem achar isso uma grande bobagem? Se em casa não recebemos ou não estamos dispostos a receber referenciais não será através somente do cassetete de um policial ou da voz altiva de um professor esforçado que vamos aprender a agir com humanidade.
Reforço: mais moral, mais exemplos e mais mestres e não teremos mais nosso Calçadão e nossa cidade transformados em uma arena pública de selvageria. Concordo com o ilustre promotor Adede y Castro, que em artigo sobre este mesmo tema esta semana disse que o momento não é de assumir culpas, mas de assumir responsabilidades.
Valdeci Oliveira, deputado estadual (PT)
Não vais falar de futebol???
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