Quem não teve oportunidade, recomendo a leitura da postagem " Pensando em Santiago" de 18 de maio do corrente no Blog do Julio Prates. Primeiro pelo desafio de pensar Santiago em futuro próximo e mais alongado, saindo desta mesmice burra e conservadora de nossos políticos locais, como também pela sua analise sociológica dos dados finais do IBGE.
Este seu ato contribui via blogosfera efetivamente com o bom e necessário debate, "rumos e possibilidades". Gostaria de contribuir reapresentando um estudo feito por mim e minha colega de escritório político do Deputado Paulo Pimenta em Santa Maria, Lonita Ziani Gonçalves de novembro de 2010, um texto bem mais simplificado que o do Julio, ainda com os dados iniciais, porem ilustrativo de situações que estão marcando e projetando negativamente nossa cidade e região e a história contemporânea que estamos escrevendo.
CENSO 2010
DADOS PRILIMINARES
Ao verificar os resultados dos dados preliminares do Censo 2010, constata-se que o Rio Grande do Sul foi o Estado que menos cresceu em população ao longo da década, com uma variação de apenas 3,8% em relação a 2000. Com esse incremento o Rio Grande do Sul apresentou médias anuais semelhantes às de países europeus, como a Suíça. Para especialistas em migrações, o Brasil passa por um processo de transição demográfica. De acordo com esse resultado preliminar 275 municípios do Rio Grande do Sul têm menos moradores do que 10 anos atrás – o equivalente a 55% do total. Esse encolhimento é um dos fenômenos de mudança na distribuição da população gaúcha fotografados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo a análise do IBGE a queda populacional na maior parte dos municípios decorre de uma combinação de queda de maternidades com maciças ondas migratórias para novos pólos de crescimento. O primeiro fator é geral no Estado e fez com que o Rio Grande do Sul fosse a unidade da federação com menor taxa de crescimento populacional na década. O segundo elemento, as migrações, forjaram novos pontos de expansão populacional e levaram à despovoação de áreas.
A competitividade econômica atinge o tamanho dos municípios. A busca por emprego, qualidade de vida e segurança muda o mapa. Nas cidades, principalmente nas pequenas, só ficam idosos e crianças. Os demais migram para pólos regionais. Quando os centros regionais são economicamente dinâmicos, a população tende a migrar na própria região.
Na análise da totalidade dos municípios do Estado verifica-se que há crescimento no Litoral, região que vem apresentando essa tendência por ser pólo de atração e, em função da migração de aposentados e seus familiares. As pessoas buscam oportunidades. Enquanto o Litoral, a Grande Porto Alegre e a Serra Industrializada crescem; a Fronteira míngua.
A consequência mais grave do decréscimo populacional é a diminuição no FPM (Fundo de Participação dos Municípios), a exemplo, do Município de Santiago que deixará de receber cerca de R$ 700.000,00 por ano.
Dados indicam que em 1991 as crianças com menos de três anos somavam um total de 5,8% da população; em 2010 somam 3,26%. Os idosos, com mais de 69 anos, em 1991 somavam 4% e em 2010 somam 7,6%. A taxa de natalidade vem diminuindo, enquanto a população acima dos 69 anos vem crescendo em função do aumento da qualidade de vida.
Vale salientar outro dado curioso verificado no Censo 2010. O número de residências aumentou mais que a proporção de habitantes. Onde existia uma família com três pessoas, agora moram só duas. Isso se deve a facilidade ao crédito da casa própria.
Municípios da Região Centro que Cresceram
Município | Ano 2000 | Ano 2010 |
Candelária | 29.585 | 30.153 |
Itaara | 4.578 | 4.994 |
Nova Palma | 6.312 | 6.340 |
Novo Cabrais | 3.565 | 3.855 |
Paraíso do Sul | 7.212 | 7.330 |
Passa Sete | 4.644 | 5.144 |
Quevedos | 2.691 | 2.710 |
Santa Maria | 243.611 | 259.004 |
São Vicente do Sul | 8.336 | 8.429 |
Tupanciretã | 20.947 | 22.198 |
No Centro percebe-se que, onde houve crescimento, o mesmo não é significativo. Esse Crescimento tem questões pontuais: novos assentamentos de Reforma Agrária, em Tupanciretã. Implantação de Escolas Técnicas em São Vicente. Qualificação e aumento de Instituições de Ensino Superior em Santa Maria. Em Nova Palma, o crescimento continua sendo atribuído ao aumento da produção primária e as operações da Usina Hidrelétrica Dona Francisca. Em Itaara, a consolidação da emancipação e o crescimento das propriedades de lazer (Chácaras) é uma possibilidade de crescimento populacional. Pode-se destacar a agricultura do Fumo nos demais municípios.
Municípios da Fronteira Oeste que Cresceram
Município | Ano 2000 | Ano 2010 |
Barra do Quaraí | 3.884 | 4.010 |
Nova Esperança do Sul | 4.010 | 4.668 |
Manoel Viana | 6.995 | 7.054 |
O crescimento do Município de Manoel Viana (Fronteira Oeste) está ligado ao evento de novos assentamentos da Reforma Agrária.
O Município de Nova Esperança do Sul tem um crescimento voltado a Indústria do Couro. Em relação a 2007 (censo agrário) o município perdeu 100 habitantes.
O crescimento do Município de Barra do Quaraí pode ter vinculação com o Comércio que ocorre entre Fronteiras.
Municípios da Campanha que Cresceram
Município | Ano 2000 | Ano 2010 |
Candiota | 8.065 | 8.707 |
Hulha Negra | 5.359 | 6.038 |
Nota-se que os Municípios que apresentaram crescimento populacional na Campanha, cercam a Usina Termo- Elétrica.
Municípios da Região Centro, da Fronteira Oeste e da Campanha, que Diminuiram
Município | Ano 2000 | Ano 2010 |
Agudo | 17.455 | 16.716 |
Alegrete | 84.338 | 77.304 |
Bagé | 118.767 | 116.078 |
Caçapava do Sul | 34.643 | 33.639 |
Cacequi | 15.311 | 13.638 |
Cachoeira do Sul | 87.873 | 83.400 |
Dom Pedrito | 40.410 | 38.519 |
Dona Francisca | 3.902 | 3.396 |
Faxinal do Soturno | 6.841 | 6.668 |
Itaqui | 39.770 | 38.151 |
Ivorá | 2.495 | 2.139 |
Jaguarí | 12.488 | 11.283 |
Jari | 3.751 | 3.575 |
Julio de Castilhos | 20.416 | 19.570 |
Maçambará | 5.035 | 4.497 |
Mata | 5.575 | 5.111 |
Restinga Seca | 16.400 | 15.834 |
Rosário do Sul | 41.058 | 39.580 |
Santana do Livramento | 90.849 | 81.964 |
Santiago | 52.138 | 49.014 |
São Borja | 64.869 | 61.433 |
São Francisco de Assis | 20.810 | 19.220 |
São Gabriel | 62.249 | 60.006 |
São João do Polêsine | 2.745 | 2.633 |
São Martinho da Serra | 3.246 | 3.201 |
São Pedro do Sul | 16.989 | 16.358 |
São Sepé | 24.621 | 23.704 |
Silveira Martins | 4.153 | 3.842 |
Toropi | 3.196 | 2.952 |
Unistalda | 2.644 | 2.448 |
Uruguaiana | 126.936 | 125.171 |
Vila Nova do Sul | 4.263 | 4.221 |
Os Municípios da região que não cresceram: Santiago, Alegrete, São Borja, Uruguaiana, confirmam os estudos de migração da população jovem e com capacitação técnica, formada nas novas Instituições de Ensino Superior, para regiões onde há carência dessa mão-de-obra qualificada como nos Municípios do Vale dos Sapateiros e Industrialização da Serra. Observa-se um crescimento populacional. Vale salientar, também a migração de jovens sem qualificação profissional.
Alegrete um dos municípios que teve o maior decréscimo, sempre exportou seus cidadãos. No entanto, apresentava um índice elevado de nascimentos, o que compensava. Agora, com a baixa fecundidade e a manutenção da migração, o fato fica mais evidente.
Em Itaqui, Uruguaiana, Alegrete e São Borja, o número de pessoas por domicílio é de 3,15%. A média dos outros Municípios da região é de 2,85%. Constata-se dados referentes ao aumento de pessoas por domicílio, contudo não houve um crescimento efetivo nas cidades citadas. Esse dado deve-se hipoteticamente, a área de produção de arroz e sua industrialização; as novas unidades de Ensino, o grande número de trabalhadores em transporte de carga; ou ainda o somatório dessas hipóteses.
Somente em 18% das cidades do Rio Grande do Sul a expectativa de crescimento aconteceu. Em Santa Catarina 40% das cidades teve crescimento. Por outro lado, na região Norte do Brasil o crescimento ficou além da expectativa.
Santa Maria RS, novembro de 2010.
Escritório Deputado Federal Paulo Pimenta
Lonita Ziani Gonçalves
Tide Lima.
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