Para não sair ainda mais rachado da Convenção Nacional marcada para hoje, o PSDB tentará resolver em poucas horas um impasse que já dura semanas: onde acomodar o ex-governador de São Paulo, José Serra, na executiva do partido. Alijado das principais estruturas tucanas em São Paulo, o político paulista encontra forte resistência em âmbito nacional da parcela do partido ligada ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Até aqui, Serra e os aliados perderam a disputa pelos dois principais postos da legenda: a Presidência e a Secretaria-Geral. Nos últimos dias, as portas do Instituto Teotônio Villela acabaram no colo de outro peso-pesado da legenda: Tasso Jereissati (PSDB-CE). Sem acordo, o ex-governador e os aliados decidiram esticar a corda e ameaçam não participar da convenção de hoje.
Diante do impasse nas negociações para composição dos principais cargos da Executiva tucana, o ex-governador nem sequer havia confirmado participação na convenção de hoje pela manhã, no Centro de Convenções Brasil 21. Até o início da noite, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tentavam convencer Serra a aceitar um acordo. Durante a semana, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, travou diversas negociações em São Paulo para tentar contornar a divisão interna. Com a reeleição reforçada pelos aliados de Aécio, mas contestada pelos serristas, o deputado federal chegou a pedir a interferência de Fernando Henrique para contornar o impasse.
Com o posto de secretário-geral prometido para o deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG), os tucanos acenaram para Serra com a possibilidade de nomear um aliado para a Vice-Presidência – o mais cogitado seria o ex-governador paulista Alberto Goldman. O candidato derrotado à Presidência nas últimas eleições teria espaço garantido em um conselho de notáveis, criado especialmente para alojá-lo.
O grande porém é que Serra não pretende ocupar um posto partidário sem orçamento e poder de atuação. Por isso, estica a corda para ficar com o Instituto Teotônio Villela, que controla recursos anuais de R$ 6 milhões. O instituto, no entanto, já foi prometido a Jereissati.
Impasse
Além do controle de uma parte expressiva do PSDB, especialmente em São Paulo, Serra e os aliados ainda apresentam como trunfo para pressionar por um lugar na Executiva um parecer jurídico que impossibilitaria a reeleição de Guerra. “Queremos resolver pelo diálogo, não levar a questão para a Justiça. Mas é lógico que a própria reeleição do Sérgio Guerra é insustentável juridicamente”, disse um parlamentar da ala serrista. Depois de sair de uma reunião na noite de ontem que praticamente sacramentou os destinos da convenção, Aécio pediu que o partido não antecipe o debate eleitoral de 2014. “Todos sabem que é importante o PSDB ficar unido, ainda mais agora que o governo está enfraquecido. Não temos o direito de sair da convenção desunidos”, afirmou o senador mineiro.
O líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), foi escalado pelos deputados e por Alckmin para tentar negociar uma saída para Serra e seus aliados que evite um racha na legenda. A principal sugestão seria ampliar o poder do futuro conselho de notáveis, que passaria a ter força nas decisões do partido e relevância na Executiva.
O colegiado seria presidido por Serra e teria ainda Fernando Henrique Cardoso; um representante dos governadores do partido, que seria Marconi Perillo (GO); e mais dois parlamentares – um deles Aécio. “O que não pode ocorrer é você preterir uma liderança como o Serra e não dar a ele a devida relevância na condução do partido”, diz Nogueira.Correio
Por Helena
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