terça-feira, 10 de maio de 2011

Estados Unidos aumentam pressão sobre Paquistão em razão de Bin Laden

Jorge Seadi
Uma semana depois da morte de Osama Bin Laden, os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre o governo do Paquistão em razão do maior terrorista do mundo — na opinião dos EUA — ter vivido 7 anos em seu território. O presidente Barack Obama exige que o Paquistão investigue se há integrantes de seu governo que sabiam da residência de Bin Laden na cidade de Abbottab, ao 50 km da capital, Islamabad.
As declarações do presidente americano para a rede CBS são os mais diretos sobre a possibilidade do governo do Paquistão ter cumplicidade com a rede terrorista Al- Qaeda. “Não sabemos se é gente de dentro do governo, ou fora dele. Isso é algo que temos que investigar e, o mais importante, o governo do Paquistão precisa investigar”. No sábado, os Estados Unidos pediram ao Paquistão os nomes de alguns agentes paquistaneses envolvidos.
As declarações do presidente americano reforçam a preocupação expressa por altos funcionários de Washington sobre o Paquistão ter tido conhecimento do paradeiro de Osama Bin Laden. Em outra entrevista, para a rede ABC, o conselheiro para Segurança Nacional dos Estados Unidos, Tom Donilon, insistiu na idéia de que o Paquistão, ou os militares paquistaneses, sabiam do paradeiro de Bin Laden porque ele estava a poucos metros de uma academia militar. Ao mesmo tempo, Donilon afirma que não há prova concretas sobre este envolvimento e, por isso, “é importante e necessário que se faça uma investigação profunda”.
No Paquistão, a opinião pública debate se o Exército e sua poderosa agência de espionagem, o ISI, sabiam que o terrorista mais procurado do mundo estava escondido na cidade de Abbottad. O governo do Paquistão nega que soubesse da permanência de Bin Laden em seu território.
O presidente americano reafirmou que “não perdi o sono por ter dado a ordem para atacar Bin Laden e a grande maioria dos americanos concorda comigo”. Pesquisa de opinião realizada nos Estados Unidos revela que, de cada três americanos, dois concordaram com a ação militar americana no Paquistão e que resultou na morte de Bin Laden.
Enquanto isto, congressistas americanos pressionam o governo de Barack Obama para interromper a grande ajuda financeira que o país recebe para lutar contra o terrorismo. Esta é uma decisão difícil porque o Paquistão é um país instável politicamente, possui arsenal atômico, e pode ser mais um adversário americano na região, se a ajuda for interrompida.
Americanos querem interrogar mulheres de Bin Laden
O governo do Paquistão negou, mas os Estados Unidos aumentam a pressão para que tenham acesso as viúvas do terrorista Bin Laden. Os americanos acreditam que o interrogatório das três mulheres poderá dar informações mais precisas sobre o dia a dia de Bin Laden em Abbottad e suas ações desde a invasão do Afeganistão em 2001 e o funcionamento interno da rede terrorista Al-Qaeda.
As mulheres e vários filhos de Osama Bin Laden estão sob custódia do Exército do Paquistão desde que o terrorista foi morto por militares americanos.
Paquistão não é o único responsável
Nesta segunda-feira (9), o primeiro-ministro do Paquistão, Yusul Reza Gilani, disse que o serviço de inteligência de seu país errou ao não detectar a presença de Bin Laden no país nos últimos cinco anos. Mas disse que o fato de Bin Laden estar no Paquistão nos últimos cinco anos não é de responsabilidade do serviço de inteligência do seu país. A declaração de Gilani foi feita no Parlamento do país em sessão destinada a explicar a ação militar americana, que acabou matando Osama Bin Laden na cidade de Abbottad, a 50 km da capital do país.
O primeiro-ministro disse que existem outros culpados por Bin Laden ter morado 5 anos na mansão onde foi localizado pelos Estados Unidos. Aos parlamentares, Gilani declarou confiar plenamente no serviço secreto do país e pediu para que não se façam julgamentos apressados porque “só vai prejudicar o Paquistão”. O primeiro-ministro classificou como “absurdas” as acusações de que existiriam militares paquistaneses trabalhando para a Al-Qaeda e lembrou que o seu país é uma das vítimas do terrorismo e que tem como prioridade eliminá-lo. Ele disse ainda que seu país está ampliando a colaboração com os países da região e com os Estados Unidos.
Com informações do El  País.

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