sábado, 14 de abril de 2012

MILAGRE......



 Uma garotinha foi para o quarto e pegou um vidro de geléia que estava

 escondido no armário e derramou todas as moedas no chão. 


 Contou uma por uma, com muito cuidado, três vezes. O total precisava

 estar exatamente correto. Não havia chance para erros.
 Colocando as moedas de volta no vidro e tampando-o bem, saiu pela
 porta dos fundos em direção à farmácia Rexall, cuja placa acima da
 porta tinha o rosto de um índio.
 Esperou com paciência o farmacêutico lhe dirigir a palavra, mas ele
 estava ocupado demais. A garotinha ficou arrastando os pés para chamar
 atenção, mas nada. Pigarreou, fazendo o som mais enojante possível,
 mas não adiantou nada. Por fim tirou uma moeda de 25 centavos do
 frasco e bateu com ela no vidro do balcão. E funcionou!
- O que você quer? - perguntou o farmacêutico irritado.
 - Estou conversando com o meu irmão de Chicago que não vejo há anos -,
 explicou ele sem esperar uma resposta.
 - Bem, eu queria falar com o senhor sobre o meu irmão -, respondeu
 Tess no mesmo tom irritado.
 - Ele está muito, muito doente mesmo, e eu quero comprar um milagre.
  - Desculpe, não entendi. - disse o farmacêutico.
- O nome dele é Andrew. Tem um caroço muito ruim crescendo dentro da
 cabeça dele e o meu pai diz que ele precisa de um milagre. Então eu
 queria saber quanto custa um milagre.
 - Garotinha, aqui nós não vendemos milagres. Sinto muito, mas não
 posso ajudá-la. - explicou o farmacêutico num tom mais compreensivo.
 - Eu tenho dinheiro. Se não for suficiente vou buscar o resto. O
 senhor só precisa me dizer quanto custa.
 O irmão do farmacêutico, um senhor bem aparentado, abaixou-se um pouco
 para perguntar à menininha de que tipo de milagre o irmão dela
 precisava.
 - Não sei. Só sei que ele está muito doente e a minha mãe disse que
 ele precisa de uma operação, mas o meu pai não tem condições de pagar,
 então eu queria usar o meu dinheiro.
 - Quanto você tem? - perguntou o senhor da cidade grande.
 - Um dólar e onze cêntimos -, respondeu a garotinha bem baixinho. - E
 não tenho mais nada. Mas posso arranjar mais se for preciso.
 - Mas que coincidência! - disse o homem sorrindo. - Um dólar e onze
 cêntimos! O preço exato de um milagre para irmãozinhos!
 Pegando o dinheiro com uma das mãos e segurando com a outra a mão da
 menininha, ele disse:
 - Mostre-me onde você mora, porque quero ver o seu irmão e conhecer os
 seus pais. Vamos ver se tenho o tipo de milagre que você precisa..
 Aquele senhor elegante era o Dr. Carlton Armstrong, um neurocirurgião.
 A cirurgia foi feita sem ônus para a família, e depois de pouco tempo
 Andrew teve alta e voltou para casa.
 Os pais estavam conversando alegremente sobre todos os acontecimentos
 que os levaram àquele ponto, quando a mãe disse em voz baixa:
 - Aquela operação foi um milagre. Quanto será que custaria?
 A garotinha sorriu, pois sabia exatamente o preço: um dólar e onze
 cêntimos! - Mais a fé de uma criancinha.
 Em nossas vidas, nunca sabemos quantos milagres precisaremos.
 Um milagre não é o adiamento de uma lei natural, mas a operação de uma
 lei superior.

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