Motivado por uma denúncia do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), o Conselho de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) anunciou a instauração de Processo Investigatório nº 072/11, com três representações éticas, para análise de peças publicitárias das cervejas Kaiser, Itaipava e Devassa.
No documento, o vice-presidente do CONAR, Edney Narchi, manifesta que foram apontados pelo deputado Pimenta elementos concretos que classificam os anúncios como “eventuais transgressores” das normas éticas do Conselho. Das três peças denunciadas, duas relacionam a bebida ao futebol, e uma faz associação direta do produto a mulheres e ambientes sociais, como praias e rodas de churrasco.
Há cerca de 15 dias, o parlamentar havia solicitado a sustação de toda e qualquer propaganda que desrespeitasse as regras estabelecidas pelo próprio Código do CONAR. A crítica de Pimenta é quanto ao conteúdo dos anúncios de cerveja no Brasil, que explora o uso de símbolos nacionais, caso do futebol, como estratégia para aproximar o consumidor da bebida e normatizar o consumo de álcool, além dos apelos à sensualidade e à idéia de que o consumo de cerveja é sinal de maturidade, êxito profissional e social.
Pimenta lembra que em muitos países, a propaganda de bebidas é regulamentada. “Na França, ela é proibida na TV, e as mensagens publicitárias permitidas referem-se à qualidade do produto, com ênfase em sua origem e composição”, compara o deputado. Pimenta é autor do projeto de lei que estabelece restrições à publicidade de cerveja, medida defendida também pela Organização Mundial da Saúde, como uma solução frente à violência no trânsito, uma das principais causas de mortes no mundo.
Álcool e mortes no trânsito
Uma pesquisa do Programa de Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que o álcool está presente em 75% das mortes no trânsito. No mundo, cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem vítimas de acidentes de trânsito por ano, e o gasto com saúde pública anual para esses casos é de aproximadamente R$100 bilhões. No Brasil, são 60 mil mortes por ano, embora a estimativa seja o dobro em virtude de só entrarem para estatísticas as vítimas que perdem a vida no local do acidente. Os feridos são cerca de 500 mil e as despesas médico-hospitalares e previdenciárias no país são de R$40 bilhões por ano.
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