Com Carteira de Habilitação vencida e sem fazer bafômetro jamais? Porque assim não vai, caros leitores, não vai mesmo.
Moralismos à parte, e não dando bola para a vida privada dos políticos ou cidadãos comuns, que podem fazer o que bem entenderem com o seu tempo particular sempre que isso não infringir alguma lei de alguma seriedade, vamos combinar que não fica bem para senadores da República a prática de serem pegos com a mão na botija e testando os limites da irresponsabilidade e da ilegalidade pura e simples. A rua, estimados sul21enses, é espaço público, e o que nela se faz pode afetar a sociedade para o bem e para o mal. A rua é território onde valem as leis da sociabilidade, e não andamos por ela pelados como em nosso santo lar, se o quisermos, e não devemos quebrar limites de velocidade ou andar por aí alcoolizados, o que é um perigo para a sociedade no atacado e ilegal no varejo.
Um candidato a presidente deveria saber dessas coisas, não deveria?
A vida nos testa e nos tenta, caros leitores, o tempo inteiro. Se somos tentados na vida comum, imaginem na cadeira presidencial, um trono, praticamente?
E é isso que o povo cobra de seus governantes em potencial, em especial para cargos elevados, em especial para o mais elevado de todos. Caráter, disciplina, atitude. O que não quer dizer que nosso povo, qual o povo do Grande Irmão do Norte, demande comportamento teórico de escoteiro de seus governantes. O povo tolera e muito bem o que não faz diferença no exercício da profissão. Candidatos a presidente podem namorar quem quiser, podem aprontar o quanto quiserem e podem beber a sua birita em paz, desde que na santidade do lar ou similar.
Mas, falar ou fazer besteira em público não é tolerado com a mesma brandura, para nossa sorte. Governantes têm que saber conter a língua, ou coisas não faláveis acabam na rua. Governantes têm que manter a compostura e a tramontana, se não o fazem, não são considerados aptos para o cargo, e alguma sabedoria existe nessa imposição de limites para quem deseja estar no topo. Já demonstramos nossa tolerância histórica para os presidentes Itamar Franco, para o presidente FHC, para o Lula, por supuesto, e a demonstraremos para a Dilma, se ela algum dia demonstrar alguma necessidade de ser tolerada por algum deslize de natureza privada, coisa que não chegamos nem perto de ver, até agora ao menos.
Esperamos de candidatos a presidente que eles se comportem como tal, e não como garotos indo para a balada no que isso tem de pior. Dirigir alcoolizado, em um país com 50 mil mortes de trânsito por ano, á participar de holocausto, e se isso é trágico no caso de qualquer cidadão, é inaceitável para um candidato ao cargo de representante número um do país.
Se não acreditamos em anjos e não desejamos algo fantasioso sendo colocado no Planalto, também não acreditamos que o oposto fique bem portando uma faixa presidencial e é essa a mensagem que Aécio deve estar recebendo nesse momento, de todos os lados. E se houve um complemento à baixura do ato de dirigir de maneira irregular e recusar o bafômetro que ao menos o teria inocentado de um crime, foi a produção de uma nota de explicação mais esfarrapada do que o estilo desse que vos atormenta.
Algo de errado há no Tucanistão, se na mesma semana o ex-presidente FHC diz para esquecer do povão e mirar no resto; se o partido de isopor do Gilberto Kassab consegue fazer estragos nas hostes tucanistanas, se o seu candidato preferido ao Planalto se comporta como um tolo perigoso. Algo de errado, muito errado há.
Outra coisa muito errada é o tratamento de brincadeira que a grande imprensa deu ao caso. Aécio foi tratado a pão de ló, e não a pão e água, como seria mais correto fazer. Imagino se uma liderança do PT de São Paulo fosse pega do mesmo jeito. Imaginem se fosse a Marta ou o Mercadante. Capa, manchete, óleo fervente, penas e piche.
Mas era o queridinho do Aécio, quem vai querer produzir um beiço naquele rostinho?
Aquele rostinho, caros leitores, gostaria muito de estar na foto da Dilma e em cada repartição federal. Ele não provou nada, não disse a que veio, não fez mais do que um centro administrativo que já apresenta rachaduras em Belo Horizonte – um estranho monumento em tons escuros nos arredores da cidade. Na semana passada fez um discurso de xuxu, talvez pela presença do melhor amigo, José Serra, ali, por caso, na platéia do Senado, lembrando ao mineiro que ele existe. Não fez mais nada, mas foi parado em uma blitz sem carteira, se negando a fazer o que uma autoridade desse porte teria que fazer. Aliás, que tal uma lei da Direção Limpa que obrigue ocupantes de cargo público de fazer o bafômetro sempre que solicitado? Afinal, quem se propõe a dirigir o orçamento do país, e criação e aprovação das suas leis não deveria, não teria que provar, o tempo todo, a sua sanidade, a sua correção, e a sua capacidade de não ofender o pais inteiro com seus pensamentos, palavras e atos?
Deveria, deveria sim, e é por isso que o nosso estimado Aécio Neves pode ser muitas coisas, que a gente aprecie ou não, mas, seguramente, não é material para ser candidato a presidente do Brasil. Não ainda, ou mais precisamente, não mais.
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