sexta-feira, 29 de abril de 2011

Oposição não sabe que alternativas propor à sociedade, dizem analistas





Felipe Prestes
Para cientistas políticos, os momentos difíceis vividos pelos dois principais partidos de oposição no Brasil (PSDB e DEM), com uma debandada de quadros, não se dão à toa: estes partidos carecem hoje de ideias alternativas a propor para o país. Além disto, apontam como causa desta revoada o fisiologismo de deputados que buscam novos caminhos pensando em causa própria. Políticos de DEM e PSDB divergem sobre os problemas, mas concordam que não deve haver a fusão entre as siglas, especulada nos últimos dias.
Para o cientista político e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rubem Barboza Filho, o comentado artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em que ele aconselha o PSDB a focar suas ações na classe média e não no povão,  é um dos indícios de que a oposição já busca se reinventar. “Acho que há uma crise na oposição. O artigo recente do ex-presidente Fernando Henrique é um sinal de que há a necessidade de a oposição repensar o papel que desempenha”, diz.
Rubem acredita que o Governo Lula, ao manter algumas políticas iniciadas pelo governo tucano, desnorteou a oposição. “O PSDB tem menos clareza, hoje, do que pode ser feito, do que antes. Uma vez que o PT no poder não alterou drasticamente o que era feito pelo PSDB, os tucanos perderam o chão”. O cientista político e professor da UnB David Fleischer concorda com esta tese. “Na Reforma da Previdência, muitos tucanos disseram que não poderiam votar contra, porque era igual a proposta do Governo FHC”, diz
Mas Fleischer vai além e ressalta que os bons ventos da economia com alto índice de emprego, salários em alta e a mobilidade social que levou milhões a ascender de classe social durante o Governo Lula é um dos fatores preponderantes. “Todos estes fatores muito positivos que foram incentivados pelo governo Lula dão muito pouco espaço para a oposição”. Além disto, ressalta que, nas urnas, a oposição teve uma redução significativa no Senado, em uma estratégia governista que deu certo. O professor da UnB afirma que a oposição, segundo indica o próprio senador Aécio Neves (PSDB-MG), deve propor alternativas, não discordar de tudo. Entretanto, o bloco oposicionista ainda não tem bem claro que alternativas propor. “A oposição está sem rumo”, resume.

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