quinta-feira, 7 de abril de 2011

Torturadores já não têm mais certeza de impunidade, diz ex-ministro Paulo Vannuchi


Ramiro Furquim/Sul21
Felipe Prestes

O ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
 Paulo Vanucchi, foi o principal palestrante da abertura do evento
 “Anistia no Brasil: desvendar a violência do passado é prevenir
 a violência de hoje”, na noite desta quarta-feira (6), na
 Assembleia Legislativa. Também palestrou o ex-presidente
 da OAB, Cezar Britto. A abertura contou ainda com as presenças
 do governador Tarso Genro, do prefeito de Porto Alegre, José
 Fortunati, do presidente da Assembleia Legislativa, Adão Villaverde
 e do secretário de Justiça e Direitos Humanos, Fabiano Pereira.
Vannuchi afirmou que vivemos o momento certo para a criação
 da Comissão da Verdade, mas que ela pode demorar, porque a
 votação pode ficar travada no Congresso. O mesmo pensamento
 o ex-ministro tem sobre a anistia a crimes de lesa-humanidade
 cometidos durante a ditadura. “Não tenho dúvida de que o
 STF reformará algum dia esta decisão, mas pode levar muitos
 anos”. Para Vannuchi, uma boa comissão, que colha um grande
 contingente de informações sobre o período de exceção seria
 um passo essencial para alavancar o julgamento de criminosos.
O ex-ministro ressaltou que a luta pela memória e justiça quanto
 aos crimes da ditadura é uma luta de poucos no país, e que a
 população ainda é pouco informada sobre o tema. “O nosso
 pensamento não é de massas no Brasil hoje”, disse, lembrando
 que, no Uruguai e na Argentina, atos que relembram as baixas
 das ditaduras levam centenas de milhares às ruas. Vannuchi
 acredita que seminários como o que começou nesta quarta
 e a promoção da memória, como monumentos que lembrem
 os mortos do regime autoritário, são medidas que podem mudar
 esta situação.
Vannuchi disse ainda que não se estabeleceu sequer o consenso
 sobre os males da ditadura. Ele lembrou que muitos militares ainda
 comemoram o golpe de 1964. O ex-ministro saudou a presidenta
 Dilma Rousseff, que na semana passada conseguiu impedir festejos
 de militares da ativa, ao mesmo tempo em que participou de solenidade
 de promoção de oficiais. “É isso que queremos, não é revanchismo”,
 disse. Apesar das dificuldades apontadas, o ex-ministro afirma que o
 clima no país que hoje é comandado por uma ex-guerrilheira já tem
 tirado o sono de criminosos que antes dormiam tranquilos. “Certeza
 da impunidade eles já não têm”. Além da presidenta, Paulo Vannuchi 
elogiou também sua sucessora, a ministra Maria do Rosário. “Me deixa
 muito feliz nestes três primeiros meses de governo”.

Nenhum comentário :

Postar um comentário