Julian Assange, o australiano criador do site WikiLeaks continua em prisão domiciliar em Londres aguardando decisão da justiça inglesa sobre sua extradição para a Suécia. Enquanto isto, o alemão Daniel Domscheit-Berg, ex-sócio de Julian dá entrevista ao jornal argentino La Nación e revela porque abandonou a sociedade: “Julian mudou muito”. A entrevista foi realizada em um hotel no centro de Madri, capital da Espanha.
Daniel e Julian foram sócios no WikiLeaks durante três anos, revela Daniel, até que em 15 de setembro de 2010 resolveu deixar a sociedade. Segundo o haker alemão, de 32 anos, é uma data “que me lembro como se fosse meu aniversário”. Naquele dia ele resolveu deixar a sociedade porque ” Assange mudou muito no ano passado. Deixou que seu lado egocêntrico aparecesse de tal modo que começou a desconfiar de tudo e de todos”. E prossegue Daniel: “Foi uma mudança drástica. Em 2007, quando começamos, Julian tinha o jornal inglês The Guardian como o diário de cabeceira. Só que depois não queria mais dar entrevistas ao jornal porque considerava que seus jornalistas faziam parte de uma conspiração judia contra ele”.
Apesar de ter transcorrido apenas seis meses de sua ruptura com Assenge, Daniel já escreveu o livro “Dentro do WikiLeaks” onde descreve o nascimento, o desenvolvimento, o apogeu e o atual estágio de paralisação do site. “O WikiLeaks está parado porque não conta, neste momento, com um servidor de correio eletrônico. Daniel revela que quando se associou a Julian não demorou muito para chegar onde queriam: uma plataforma de internet para mostrar todos os processos de decisões mundiais que normalmente são realizados sob a condição de serem secretos. “Para um anarquista como eu, este era um dos poucos sonhos que p0deria tornar realidade”, lembra o alemão.
Mas como acontece em histórias de ficção e também reais, a ambição e a possibilidade de ganhar muito dinheiro provocaram as primeiras diferenças entre os dois sócios. Foi Julian Assange, segundo Daniel, que resolveu mudar o objetivo principal do site. “Julian começou pensar que não era má idéia deixar de colocar o conteúdo no site e vendê-los para grandes redes de tevês”, revelou Daniel. Ele diz que esta ideia não lhe desagradava totalmente mas “não era o motivo porque tínhamos criado o WikiLeaks”.
O alemão Daniel Berg revelou também que as diferenças se tornaram irreconciliáveis quando estourou o escândalo sexual em que Assenge foi acusado de assédio e estupro de duas mulheres suecas, em Estocolmo, em agosto do ano passado. “Quando lhe perguntei sobre as acusações e como ficava o WikiLeaks ele disse que eu estava questionando sua liderança. A partir daí nossa relação “morreu”, disse Daniel. O alemão ainda revela que Assange chegou a acusá-lo de ser um louco que trabalhava para o FBI.
Com informações do La Nación
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